segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Zona do euro desacelera e BCE deve adiar alta de juros


Valor 01/08

Uma nova alta de juros na zona euro poderá ser retardada por um bom tempo, diante de novos sinais de desaceleração da atividade econômica se propagando na região, o sentimento negativo de empresas e consumidores e a preocupação com a Itália e a Espanha.

O principal evento esta semana será a reunião do Banco Central Europeu (BCE). Em julho, ao insistir na importância de monitorar "muito de perto" os riscos para a estabilidade de preços, o presidente Jean-Claude Trichet deu a entender que a alta de 25 pontos básicos, para 1,5%, não era necessariamente a ultima este ano. A expectativa no mercado é de que Trichet provavelmente manterá sua opção aberta sobre elevação dos juros no médio prazo. Mas, na prática, isso agora não mais ocorrerá este ano.

De um lado, a atividade econômica está desacelerando agora também nas economias mais importantes. A Alemanha está sofrendo com menos exportações e claros sinais de que a demanda global está diminuindo. O anúncio esta semana dos dados da produção industrial tendem a mostrar que a forte recuperação manufatureira da maior economia da Europa está perdendo fôlego.

Grandes companhias europeias alertam que suas perspectivas de negócios estão piorando, num cenário de temores sobre o impacto da crise da dívida soberana e menos comércio global. Os resultados de grandes empresas no segundo trimestre reiteram essa mensagem de deterioração na demanda, preços de matérias-primas em forte alta e cortes de custos superando agora planos de expansão.

As vendas do varejo na zona do euro tiveram alta em junho, mas analistas sugerem que os gastos no geral continuaram modestos no segundo trimestre.

As estatísticas sobre o mercado de trabalho, esperadas para esta semana, podem sinalizar maior relutância das empresas em contratar. Com isso, a taxa de desemprego pode aumentar nos próximos meses. No momento, está em 9,9%, quase um recorde na Europa. Na Espanha, passa dos 20%.

O contraste é significativo em relação ao começo do ano, quando a Alemanha, motor da economia alemã, alimentava a esperança de que a zona euro poderia ter expansão econômica que daria fôlego às combalidas economias periféricas. Agora, o risco é que a situação nos países periféricos acabe por contaminar as grandes economias.

Outro fator contra alta de juros na zona euro é que o índice de preços ao consumidor caiu em julho para 2,5%, surpreendendo analistas, que apostavam em 2,7%. Esse resultado veio justamente quando a inflação na Alemanha subiu de 2,4% para 2,6%. Mas houve queda na Itália, de 3% para 2,1%, reforçando a posição de que a inflação na zona euro não deve aumentar.

A estagnação de vendas e a queda nos lucros de empresas na Europa ocorrem no momento em que elas enfrentam condições mais duras para obter crédito. O BCE informou que os bancos da região endureceram seus padrões de créditos no segundo trimestre, à medida que a perspectiva econômica piorou. A expectativa é que o crédito ficará ainda mais limitado.

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