quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Enxurrada de dólares


Valor 04/08
O fluxo de recursos para o Brasil não deu trégua na última semana e fechou o mês de julho em patamar recorde de US$ 15,825 bilhões. Em meio a importantes mudanças no mercado de câmbio, os investidores estrangeiros, bancos locais e exportadores continuaram a trazer dólares para o mercado interno, seja para ajustar suas posições nos mercados à vista e futuro, seja para aplicações e investimento estrangeiro direto (IED).

Somente na última semana do mês, o fluxo somou US$ 4,955 bilhões, sendo US$ 1,878 bilhão na conta financeira e outros US$ 3,077 bilhões trazidos por exportadores para o Brasil. As empresas que vendem produtos no mercado internacional estão aproveitando a alta do dólar que sucedeu tanto às medidas do governo de controle no mercado de derivativos quanto da piora do cenário externo.

No mês, o saldo da movimentação em moeda estrangeira foi recorde, tendo alcançado US$ 15,825 bilhões. A maior parcela veio do segmento financeiro, responsável por US$ 9,571 bilhões. Esse fluxo decorreu da necessidade dos bancos de ajustar suas posições "vendidas" (apostando na baixa da moeda americana), após a redução da margem permitida pelo Banco Central (BC), de US$ 3 bilhões para US$ 1 bilhão - 60% do excedente passou a ser recolhido no BC.

As instituições financeiras chegaram a ficar levemente desenquadradas entre os dias 14 e 20, em pouco menos de US$ 100 milhões, mas logo corrigiram suas posições com nova internalização de moeda estrangeira. A posição vendida dos bancos no mercado à vista caiu de US$ 14,696 bilhões, em junho, para US$ 6,302 bilhões agora em julho.

No segmento comercial, que registra as movimentações da balança comercial, despejou no país outros US$ 6,253 bilhões em julho, o segundo maior montante do ano, inferior apenas a maio (US$ 7,263 bilhões). As linhas de adiantamento de contratos de câmbio (ACC) estão, em média, 40% superiores neste ano, na comparação com o ano passado, o que explica parte do fluxo.

Já a autoridade monetária recolheu US$ 6,637 bilhões em julho, em intervenções no mercado à vista. As compras ampliaram as reservas, que chegaram a US$ 347,621 bilhões em 2 de agosto.

O governo também divulgou na semana passada uma série de medidas para os derivativos cambiais, com aumento das restrições e elevações de impostos para as posições vendidas no mercado futuro. Mas uma série de dúvidas travou o mercado de câmbio no país.

Ainda não está claro para o mercado quem fará a cobrança do IOF sobre as posições vendidas nem como será feita a eventual compensação entre as duas câmaras de liquidação nos casos em que os investidores tiverem posições complementares entre Cetip e BM&FBovespa. Não se sabe também qual será a fórmula de cálculo dos valores dos contratos dos diferentes produtos existentes.

Sem essas respostas, a posição vendida no mercado futuro dos investidores estrangeiros recuou cerca de US$ 3 bilhões desde o anúncio das medidas, de um patamar superior a US$ 22 bilhões, para algo próximo dos US$ 19 bilhões.

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