quinta-feira, 11 de agosto de 2011

FLUXO DE CAPITAIS


VALOR 11/08
Em meio às preocupações do mundo com a situação fiscal dos Estados Unidos e de países da Europa, os primeiros números de agosto do mercado primário de câmbio dão sinais de desaceleração do ingresso de capitais externos no Brasil. O movimento de compra e venda de moeda estrangeira liquidamente até gerou déficit, de US$ 362 milhões, nos primeiros cinco dias do mês, se excluídas as operações vinculadas ao comércio exterior.

Isso significa inversão do fluxo líquido de julho passado, quando os negócios no segmento financeiro do mercado doméstico de câmbio resultaram em entrada de expressivos US$ 9,57 bilhões.

Esse segmento engloba todas as operações que impactam a conta financeira do balanço de pagamentos externos do país e, por isso, pode ser visto como indicador da tendência do movimento de capitais estrangeiros.

Em termos brutos, nos cinco primeiros dias de agosto, até houve ingresso de moeda estrangeira pelo segmento financeiro do mercado cambial, de US$ 6,745 bilhões. Ainda assim houve déficit de US$ 362 milhões porque as saídas alcançaram US$ 7,1 bilhões no período. Comparada com a de julho inteiro, a média diária de ingressos brutos caiu no início de agosto, de US$ 1,87 bilhão para US$ 1,35 bilhão. Ou seja, olhando só o ingresso também se vê redução do ímpeto dos investidores estrangeiros. Já a média diária de saídas pelo mesmo segmento registrou ligeira elevação, de US$ 1,41 bilhão para US$ 1,42 bilhão.

Somando-se as operações cambiais vinculadas ao comércio, o fluxo ainda segue positivo nesse início de mês, período em que foi registrado ingresso líquido de US$ 3,79 bilhões. A média diária, nesse caso, é até superior à de julho, mês em que o fluxo cambial total do mercado primário foi positivo em US$ 15,8 bilhões. Na média, entraram por dia útil, em agosto, US$ 753,5 milhões aproximadamente, ao passo que em julho a média ficou em US$ 715,8 milhões.

Comparativamente a igual período de 2010, quando foi de US$ 1,79 bilhão, a entrada de dólares também subiu e praticamente dobrou no total de operações do mercado primário. Isoladamente, o segmento vinculado ao comércio gerou superávit de US$ 3,94 bilhões de 1 a 5 de agosto, resultado de uma oferta de US$ 7,05 bilhões pelos exportadores e demanda de US$ 3,11 bilhões pelos importadores.

Em julho, o fluxo positivo dessas operações também foi alto (US$ 6,25 bilhões). Mas o do segmento financeiro foi ainda maior.

No acumulado do ano, a entrada líquida de moeda estrangeira agora soma US$ 59,23 bilhões, dos quais US$ 32,85 bilhões ligados a outras operações que não de comércio do país com o exterior. No segmento comercial, o saldo acumulado no ano é de US$ 26,38 bilhões até dia 5 de agosto.

A sobra de moeda estrangeira no mercado primário, que refere-se apenas a contratos entre bancos e clientes, permitiu ao Banco Central continuar suas intervenções de compra no interbancário. O BC agregou a suas reservas cambiais US$ 2,17 bilhões nesses cinco dias, US$ 1,3 bilhão dos quais relativos a compras feitas até dia 3. Como o dado de reserva é informado pelo critério de liquidação, que difere em dois dias úteis do de contratação, não se sabe ainda o valor exato das contratações feitas até dia 5 pelo BC. O valor liquidado de compras elevou as reservas cambiais para US$ 348,5 bilhões até dia 5. Mas ontem elas já estavam em US$ 349 bilhões.

O BC não informou o novo saldo da carteira de câmbio dos bancos (os dados são atualizados apenas no fim do mês). No fim de julho, a posição cambial do sistema financeiro ainda estava vendida (dólares a entregar) em US$ 6,3 bilhões. Mas em relação a junho, quando era de US$ 14,69 bilhões, houve relevante redução nessas posições.

RECORDE NO OURO

Em meio ao crescimento do clima de aversão ao risco, o ouro ampliou os ganhos ontem. Os contratos futuros do metal fecharam em US$ 1.784 a onça-troy, alta de 2,4%. Durante o pregão, atingiram nível recorde de US$ 1.801 a onça-troy. Na semana, o ouro acumula 8% de alta, o melhor desempenho em três dias desde 2008. A demanda pelo metal aumenta com as tentativas de investidores de se afastarem de ativos de maior risco, em busca de um porto seguro.

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