sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Indústria chinesa recua e analistas já reduzem suas previsões para PIB
Por Assis Moreira | De Genebra - Valor 23/09
A China não ajudou ontem a diminuir o pessimismo nos mercados globais. O Índice de Gerente de Compras (PMI) chinês mostrou, de um lado, que a atividade no setor industrial na segunda maior economia mundial parece ter parado de se deteriorar. Mas também mostrou que são poucas as chances de retomada significativa.
A economia da China é considerada hoje menos forte do que antes da crise global de 2008 e não será capaz de ignorar os problemas globais nem compensá-los completamente. Depois de terem rebaixado as expectativas para a Europa e os EUA, agora certos analistas projetam crescimento econômico chinês para 8,5% no ano que vem, comparado a 9% antes.
Uma desaceleração maior é considerada plausível, dependendo de como as economias desenvolvidas vão reagir à deterioração global. A expectativa é que Pequim adote mais estímulos e o crescimento de 8,5% em 2012 não deve ser uma grande preocupação.
No entanto, as chances de maior desaceleração nos próximos anos são maiores do que a maioria pensa, segundo Qinwei Wang, analista da Capital Economics, de Londres. Para 2013, projeções apontam para consenso em torno de 7,5%.
O índice PMI da indústria ficou abaixo de 50 (foi 49,4) pelo terceiro mês consecutivo, nível só registrado durante a crise financeira global, levando em conta dados desde 2004. Qualquer leitura abaixo de 50 indica contração do setor.
Metade da queda foi atribuída à menor produção causada por escassez recente de energia. Mas o fato de que o volume de novas encomendas de produtos chineses não piorou e que estão mesmo ligeiramente mais altas do que em junho deram um certo alívio.
O PMI é ligeiramente melhor do que foi em julho, confirmando análises de que o crescimento está mais do lado da estabilização do que de declínio - e, portanto, que a aterrissagem pode ser mesmo suave e não brusca. O Credit Suisse agora calcula crescimento de 8,6% para este ano, ligeiramente menos do que previamente estimado.
O crescimento das exportações e importações chinesas diminuiu nos últimos meses. Além das encomendas de exportações não serem fortes como antes, as importações para processamento e reexportação sugerem que não há expectativa de forte alta na demanda.
Mas analistas do banco Barclays acreditam que, mesmo com esse menor crescimento, as importações de commodities pela China continuarão em ritmo sustentável. Avaliam que indústrias chinesas utilizaram muito seus estoques de commodities, como soja, açúcar, cobre e petróleo. Agora, mesmo com menor expansão econômica, vão manter um certo ritmo na demanda.
A fragilidade da economia mundial está levando à redução de projeções de crescimento do resto da Ásia emergente. A situação regional é boa, os consumidores não estão endividados como os dos países desenvolvidos, o sistema bancário é relativamente sólido. A maior fraqueza de vários países, porém, é a exposição ao comércio global.
Para 2012, novas projeções de crescimento, feitas por analistas, apontam na Malásia redução de 6,2% para 4,5%. Para a Índia, de 8,3% para 8%. Mas os emergentes asiáticos vão, em todo caso, continuar a ter melhor desempenho do que a América Latina e Europa do Leste.
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