quarta-feira, 28 de setembro de 2011
BC vê crédito crescendo acima do previsto
Valor 28/09
A expansão do crédito em 2011 será maior do que previu inicialmente o Banco Central. Em vez de 15%, o saldo dos empréstimos e financiamentos do sistema financeiro deverá ter expansão de 17% em relação a 2010.
A nova projeção foi anunciada ontem pelo chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, diante, principalmente, do que já ocorreu este ano. Nos oito primeiros meses de 2011, o estoque dessas operações aumentou 10,7%, fechando agosto em R$ 1,888 trilhão. No mês, a expansão foi de 1,7%, o que representou aceleração ante julho, quando o crescimento foi de 1,1%.
A redução da taxa Selic, de 12,5% para 12% ao ano, na última reunião do Copom, pesou na mudança das projeções, admitiu Maciel. A autoridade monetária calcula que, como proporção do Produto Interno Bruto, a carteira de crédito do sistema financeiro fechará o ano em 49%, número também superior ao originalmente projetado. Até então, o BC achava que o saldo chegaria a 48%. Mas no fim de agosto, já equivalia a 47,8% do PIB.
Ainda que acima do inicialmente previsto, o aumento do estoque de empréstimos e financiamentos do sistema financeiro será mais moderado este ano do que foi em 2010. No ano passado, a taxa de expansão ficou em 20,6% sobre 2009.
Tanto bancos públicos quanto bancos privados devem conceder mais crédito do que o previsto até então. Mas a projeção subiu mais para o segmento estatal. A carteira das instituições financeiras controladas pela União e pelos Estados deve crescer 18%. A ampliação das operações dos bancos privados de controle nacional, cuja projeção anterior também era de 15%, chegará 17%. Para os bancos de controle estrangeiro, a projeção manteve-se em 16%.
Em agosto, a carteira dos bancos estatais cresceu 2,2%, mais do que a média do sistema, chegando a R$ 796,9 bilhões. Em oito meses, o saldo acumulou elevação de 11,6%, percentual também superior à média. Já nos 12 meses terminados em agosto, a taxa de expansão foi quase a mesma: 19,3% nos bancos públicos e 19,2% no conjunto das instituições financeiras.
As operações de crédito dos bancos privados de controle nacional expandiram-se 1,2% no mês, 10,3% no ano e 20,8% em doze meses, chegando ao fim de agosto em R$ 766,910 bilhões. No caso dos bancos de controle estrangeiro, cuja carteira é de R$ 325,099, essas taxas de crescimento foram, respectivamente, de 1,9%, 9,7% e 16,4%.
O crédito habitacional é a modalidade que, proporcionalmente, mais cresce e que mais influenciou a decisão do BC de rever suas projeções. O estoque de financiamentos habitacionais subiu 3,7% em agosto, totalizando R$ 180,242 bilhões. No ano, a variação chegou a 29,9% e em doze meses a expressivos 49,3%, superior ao dobro da verificada na soma de todas as modalidades de crédito.
Tulio Maciel disse que, embora um pouco mais acelerada do que se previa, a trajetória de ampliação da oferta de crédito no Brasil continua sustentável. Não há no horizonte de visão do BC qualquer risco de explosão da inadimplência. Consideradas as operações referenciais para apuração de taxas de juros, que refletem as condições de mercado, a inadimplência subiu em agosto, de 5,2% para 5,3%, mas ainda está abaixo do que era no início de 2010 (5,5%). Nos empréstimos e financiamentos a empresas, o percentual de operações com parcelas em atraso há mais de 90 dias, critério de inadimplência adotado pelo BC, ficou em 3,9%, ante 3,8% em julho. Nas operações com pessoas físicas, o percentual também subiu 0,1 ponto, para 6,7%.
O aumento, em ambos os casos, ainda é reflexo da alta de juros que vigorou até julho e das medidas de restrição ao crédito. Mas como o país continuará crescendo, não há razão para se acreditar que as empresas e famílias terão maiores problemas para pagar suas dívidas junto ao sistema financeiro. Além disso, a tendência da taxa de juros ao tomador final é cair com o afrouxamento da política monetária pelo BC. Para as empresas, a taxa média das operações tomadas como referência (quase todo o crédito livre) já caiu em agosto, de 31,4% para 30,9%. Para as pessoas físicas, ainda houve elevação, pois a média saiu de 45,7% para 46,2%.
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