terça-feira, 13 de setembro de 2011
BCs em Basileia
Valor 13/09
Os maiores bancos centrais, reunidos ontem na Suíça, afirmaram que veem a economia global em desaceleração, mas sem dar sinais de recessão. E se comprometeram a fornecer "liquidez ilimitada" ao setor bancário, em meio a turbulências nos mercados.
"Essa é uma mensagem global dos bancos centrais: os BCs estão prontos a fornecer a liquidez que for necessária para os bancos", afirmou ontem Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu, no papel de porta-voz do grupo.
Enquanto Trichet afirmava que o BCE está garantindo € 530 bilhões liquidez para os bancos e que está pronto para agir rapidamente, o valor de mercado de bancos europeus continuava a degringolar, em meio a temores de default da Grécia.
Indagado sobre um eventual plano B da Alemanha para o caso da concretização do "default" da Grécia, o presidente do BCE insistiu que "todos os europeus, incluindo o poder executivo da Alemanha, estão conclamando o governo grego a cumprir todos seus compromissos."
Ao relatar o encontro os BCs aos jornalistas, Trichet disse que, mesmo que os BCs não vejam recessão, está claro que o grau de desaceleração econômica aumentou.
O presidente do Banco Central brasileiro, Alexandre Tombini, deixou claro que a avaliação do banco sobre o estado da economia global, que sustentou a decisão para cortar o juro na semana passada, se mantém inteira.
"Estamos em sintonia com o nível de preocupação (dos outros Bcs)", afirmou. "Nossa ata do Copom fala em desaceleração, revisão do crescimento. Ninguém está pensando em recessão global."
Trichet não quis comentar sobre a decisão do BC brasileiro de ser o primeiro a reverter a política de juros, antecipando-se a outros emergentes. Mas frisou que estava seguro de que Tombini "adotou o que era apropriado em suas circunstâncias."
Em Paris, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertou que uma "desaceleração contínua" nas maiores economias do mundo está ficando cada vez mais forte. Seu índice composto de indicadores econômicos globais recuou pelo quarto mês consecutivo, ilustrando perda de força da atividade econômica na maior parte dos países importantes.
Os indicadores apontam desaceleração mais forte no Canadá, França, Alemanha, Itália e Reino Unido. Entre emergentes, a desaceleração ocorre no Brasil, China e Índia. E aumento de ritmo nos EUA e Rússia.
Trichet insistiu que os BCs estão unidos na decisão de manter o combate "contra a inflação e contra o perigo de recessão."
No plano fiscal, os banqueiros centrais acham que é preciso examinar a situação de cada país. Mas conclamaram todos os que têm o poder de decidir a "implementar plenamente as decisões já tomadas de maneira rápida como a situação exige."
Sobre política monetária globalmente, Trichet mencionou também "uma forte unidade de propósitos" de que ancorar solidamente expectativas inflacionárias para criar crescimento e empregos.
O presidente do BCE disse ainda que não vê qualquer sinal de deflação nas economias desenvolvidas. Certas fontes contaram que os europeus na reunião do BIS pareciam excessivamente otimistas quando falam de suas dificuldades.
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