quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Preocupação com rumo da crise da dívida ainda pesa sobre o euro


Por Bloomberg

O euro reduziu o ímpeto de alta frente ao iene e ao dólar em meio a preocupações de que os dirigentes dos países membros da União Europeia (UE) não conseguirão pactuar uma solução para a crise da dívida da região. O euro havia alcançado sua maior alta de uma semana em relação do dólar quando a UE propôs um imposto sobre transações financeiras, para entrar em vigor em 2014, e o Parlamento da Finlândia aprovou uma expansão do fundo de socorro financeiro da região. Os dirigentes europeus discordaram em torno da magnitude das baixas contábeis sobre as carteiras dos bancos de títulos do governo da Grécia.

As moedas dos países exportadores de commodities, como o dólar canadense e o real brasileiro, recuaram diante da queda dos preços das matérias-primas. "As pessoas se precipitaram um pouco diante desse risco", disse Brian Taylor, operador-chefe de câmbio da Manufacturers & Traders Trust de Buffalo, Estado de Nova York. "As pessoas estão mais preocupadas com as questões mais amplas, principalmente com o que vai acontecer na Europa. Estamos vendo o mercado dizer "é melhor prevenir do que remediar'". A moeda única fechou o dia valendo US$ 1,3632, em ligeira alta de 0,20%. Em relação ao iene, o euro caiu 0,6%, para 103,72 ienes, e se encaminha para registrar uma retração de 6,7% até esta altura do mês. A moeda japonesa subiu 0,5%, para 76,46 por dólar.

O euro recuou 1,7% durante os últimos três meses em relação a nove divisas do mercado desenvolvido, elevando sua queda de 12 meses para 2,3%, segundo os Índices Cambiais Bloomberg Ponderados pela Correlação. O iene foi a moeda que mais se valorizou entre as nove nos últimos três meses, ao subir 12%, e o dólar aumentou 4,8% de valor. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que a crise da dívida da Europa continua a representar um empecilho para a economia americana e que a reação dos governos da região não foi suficientemente sólida. "Na Europa não os vimos administrar seu sistema bancário e seu sistema financeiro com a eficiência necessária", disse Obama ao responder a uma pergunta sobre o crescimento da economia dos EUA durante uma discussão, em mesa-redonda, sobre questões hispânicas na Casa Branca.

O imposto sobre transações financeiras da UE fixará alíquotas de imposto mínimas para transações por toda a UE de 27 países, disse a Comissão Europeia, sediada em Bruxelas, o braço executivo do bloco, em comunicado. A medida terá de ser aprovada por unanimidade pelos 27 países-membros.

O imposto, se aprovado, captará cerca de € 57 bilhões (US$ 78 bilhões) ao ano e "assegurará uma justa contribuição por parte do setor financeiro numa época de consolidação fiscal", disse a comissão no comunicado. "Mesmo com os vários planos já anunciados que estão sendo desenvolvidos, mesmo se chegarmos a um avanço tão grande quanto apresentar uma coisa e já anunciá-la, o intervalo de tempo que terei de enfrentar entre o anúncio e a implementação é muito grande", disse David Mann, diretor regional de pesquisa para as Américas da Standard Chartered de Nova York. A Comissão Europeia foi contrária às ideias que estão sendo ventiladas por algumas autoridades de fazer com que os bancos aceitem maiores renúncias parciais de lucros, conhecidas como "haircuts" em inglês, sobre suas carteiras de títulos gregos e não quer realizar conversações sobre qualquer tentativa nesse sentido, disse uma autoridade sob condição de manter o anonimato, uma vez que as deliberações são confidenciais.

O Parlamento da Finlândia aprovou a expansão do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, pelas iniciais em inglês), de € 440 bilhões, elevando para nove o número de membros da zona do euro que ratificaram o mecanismo. Um papel ampliado do EFSF foi aprovado pelos membros da zona do euro em 21 de julho e precisa ser ratificado por todos os países-membros.

O real brasileiro e o dólar canadense estavam entre as moedas de pior desempenho dentre as principais divisas. O real caiu 1%, para 1,8235 real por dólar, e o dólar canadense recuou 0,6%, para 1,0255 dólar canadense por dólar dos EUA. O Índice Thomson Reuters/Jefferies CRB de matérias-primas registrou um declínio de 2% e o Índice Standard & Poor's 500 perdeu 1,2%. O rand da África do Sul foi a moeda de melhor desempenho entre as mais negociadas, ao subir 0,7%, para 7,8142 por dólar. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse que está esperando um relatório de um grupo de autoridades da União Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre os avanços da Grécia antes de decidir se um segundo pacote de financiamento para o país, pactuado a 21 de julho, precisa ser revisto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário