segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Taxa interbancária chinesa dispara



Por Simon Rabinovitch
Financial Times, de Pequim

O salto nas taxas do mercado financeiro de curto prazo chinês na semana passada evidencia a liquidez apertada que em breve poderá estimular Pequim a baixar novamente as exigências de reservas bancárias das instituições financeira.

Com evidências também de saídas sustentadas de capital, o forte salto das taxas interbancárias, de baixos patamares no início deste mês, focou os holofotes de volta na tentativa do banco central de flexibilização da política monetária.

Alguns analistas acreditam que o BC precisa agir mais agressivamente para evitar uma aterrissagem brusca da economia chinesa. A taxa de recompra em sete dias, indicador mais importante de liquidez interbancária, subiu cerca de 65 pontos base, na semana passada, sendo esse o maior aumento em quase dois meses.

Numa indicação de que os bancos esperam que as condições fiquem ainda mais apertadas no ano que vem, a taxa de recompra em 14 dias, que matura em 2012, subiu cerca de 195 pontos base na semana passada.

As taxas no mercado financeiro de curto prazo estão, sob alguns aspectos, mais apertadas do que no fim de novembro, quando o Banco Popular da China reduziu pela primeira vez em três anos a parcela dos depósitos que os bancos precisam manter em reserva.

Essa foi a mais clara iniciativa de alívio monetário tomada pelo banco central desde quando o crescimento e a inflação desaceleraram fortemente no quarto trimestre.

A decisão inicial de baixar as reservas obrigatórias tomou muitos investidores e analistas de surpresa, mas é amplamente esperada uma segunda decisão no mesmo sentido nas próximas semanas ou mesmo dias.

Economistas preveem que a China terá de cortar as exigências de reservas em até seis vezes, até meados do próximo ano, para dar sustentação à economia.

Saídas de capital contribuíram para a urgência. As compras de moeda estrangeira por bancos comerciais chineses caíram pelo segundo mês consecutivo, em novembro, um sinal que, acreditam muitos analistas, é a melhor indicação de dinheiro deixando China.

Dois meses seguidos de saídas de capital "nunca aconteceram antes", disse Qu Hongbin, economista do HSBC. "Como resultado, acredita-se que o banco central tomará medidas decisivas nos próximos trimestres".
O banco central, temendo alimentar uma volta da inflação, tem sido extremamente cauteloso em sua flexibilização. A todo momento, o BC diz que a política monetária no próximo ano será "prudente", e não acomodatícia.

O BC recorreu, efetivamente, a operações no mercado aberto para absorver uma grande quantidade de reservas de moeda após ter rebaixado as exigências de capital dos bancos, três semanas atrás. Ao fazê-lo, o BC, na prática, esvaziou cerca de metade do impacto do corte de reservas exigidas dos bancos.

A alta das taxas de juros cobradas pelo mercado financeiro de curto prazo é em parte reflexo de fatores sazonais, porque os bancos cortaram os empréstimos de fim do ano e as empresas querem ter mais dinheiro para pagar salários e suas contas.

Mas a redução das alocações orçamentárias governamentais nesta época do ano deverá atuar no sentido oposto, ampliando a liquidez, de modo que o fato de as taxas interbancárias estarem tão altas sugere a necessidade de mais flexibilização.

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