quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
"Ajuste moderado" de Tombini prevalece e Selic fecha o ano em 11%
Valor 01/12
O corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros, segundo decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), ontem, reduziu a Selic para 11% ao ano e levou o juro real para 5,13% (deflacionado pela expectativa de inflação do IPCA de 5,58% para os próximos 12 meses). Esta foi a terceira e última queda da taxa Selic neste ano.
A flexibilização da política monetária começou em agosto, quando o BC surpreendeu o mercado com uma decisão aparentemente ousada, e desde então seguiu sem novas surpresas, obedecendo às indicações de "ajustes moderados" sinalizadas pelo Banco Central. Os juros caíram, portanto, 150 pontos base, saindo de 12,50% em julho para os 11% de agora. E as expectativas tanto do mercado quanto do governo da presidente Dilma Roussef é de que o Copom prosseguirá nesse ritmo até levar a Selic para o patamar de 9% a 9,5% em 2012.
Os juros projetados para os próximos 12 meses praticados pelo mercado, ontem, estão bem abaixo da meta da taxa Selic. Os contratos de swap de 360 dias foram negociados a uma taxa de 9,69%. Tomando o IPCA projetado para idêntico período, de 5,58% (conforme a pesquisa Focus, do Banco Central), a taxa real é de 3,89%, a mais baixa desde 1999, quando começou o regime de metas para a inflação.
O contínuo agravamento da crise na Europa, com a consequente e esperada recessão, e a sobreposição de aumento dos juros domésticos com medidas prudenciais de aperto na expansão do crédito, esfriou a economia doméstica e abriu espaço para o Copom buscar uma redução substancial dos juros básicos.
Mas o governo não pretende usar só esse instrumento de política monetária para reanimar a economia brasileira. Já começou e continuará desmontando as medidas de controle do consumo.
Na próxima semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deverá baixar o IOF cobrado sobre os empréstimos para pessoa física de 3% para 1,5%. Ontem o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, confirmou que o governo prepara ações para facilitar a retomada do crédito para o consumo.
Há outras medidas que também poderão ser anunciadas na semana que vem nessa mesma direção: reacender a confiança do consumidor e do investidor e garantir um crescimento econômico de 3,5% a 4% em 2012.
O BC mantém o compromisso de levar a inflação, que chegou a 6,97% em doze meses até outubro, para o centro da meta de 4,5% até o fim do próximo ano.
Conta com um bom efeito estatístico que vai ajudar a queda do IPCA para a casa dos 5,2% até abril/maio de 2012, e ganhou, nesta semana, uma ajuda de 0,3 a 0,5 ponto com a nova ponderação do índice, baseada na Pesquisa de Orçamento familiar (POF) de 2009/2008.
Tão logo o Copom divulgou sua decisão, a Caixa e o Banco do Brasil anunciaram corte nas taxas de juros em suas linhas de crédito.
Para Ricardo Denadai, economista-chefe da asset do Santander, apenas um evento extremo no exterior poderia mudar o ritmo de cortes de 0,5 ponto percentual.
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