sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Contração da indústria na China cria risco global
Por Jamil Anderlini | Financial Times, de Pequim
A atividade industrial da China sofreu contração em novembro, a primeira em quase três anos. A queda reforçou temores em torno da saúde da economia mundial.
As notícias do desaquecimento chegam um dia depois de o Federal Reserve, (Fed, banco central dos EUA) ter liderado uma iniciativa coordenada para tentar acalmar as preocupações em torno da liquidez mundial e de o BC chinês ter afrouxado sua política monetária.
Dados do governo chinês divulgados ontem mostraram que o índice oficial dos gerentes de compras caiu para 49 pontos em novembro, em relação aos 50,4 pontos de outubro. Qualquer resultado inferior a 50 pontos indica uma contração da atividade.
A queda de novembro foi a primeira desde fevereiro de 2009.
O indicador vai intensificar os temores de a China possa estar se encaminhando para uma desaceleração mais forte num momento em que o resto do mundo a encara como um oásis em meio a um panorama mundial árido.
Numa iniciativa de surpresa calculada para neutralizar o impacto negativo do número do índice dos gerentes de compras, o BC chinês anunciou uma redução do depósito compulsório - diminuindo o valor dos recursos que os bancos têm de recolher ao BC - pela primeira vez em três anos.
"Os mercados receberam um combinação potente de dois golpes, na forma do índice chocante dos gerentes de compras e da redução agressiva da alíquota do depósito compulsório", disse Alistair Thornton, analista de China do IHS Global Insight. "O recado é claro: a economia está desacelerando muito mais rápido que o previsto, e o governo entrou na briga".
Ao reduzir o volume dos depósitos que os bancos precisam recolher ao BC em 0,5 ponto percentual, o BC na prática injetou cerca de 400 bilhões de yuans (US$ 63 bilhões) no sistema bancário.
O crescimento do comércio da China com a União Europeia e os EUA desacelerou nos últimos meses. As exportações para a Europa, que está às voltas com a crise, foram as mais prejudicadas. As vendas de imóveis também diminuíram significativamente, num momento em que os preços começam a cair. A construção civil responde por cerca de 25% dos investimentos na China e 13% do Produto Interno Bruto (PIB).
A maioria dos analistas acredita que serão anunciadas mais medidas de afrouxamento monetário. Eles preveem que a inflação dos preços ao consumidor cairá para 4,3% em novembro, em relação ao pico de 6,5% registrado em julho. Mas a contenção da inflação ocorreu às custas da queda do crescimento.
Os subíndices do índice dos gerentes de compras referentes a novos pedidos e novas encomendas de exportações caíram para seus níveis mais baixos de quase três anos.
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