quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Estrangeiro compra Bovespa há 11 pregões
Valor 20/09
O investidor estrangeiro tem comprado ações na Bovespa há 11 pregões consecutivos, o que ajuda a explicar o motivo de a bolsa brasileira acumular ganho de 8% em setembro. Tal alta mensal não acontece desde janeiro, quando o Ibovespa andou 11% e o fluxo de capital externo chegou a R$ 7,1 bilhões. Neste mês, R$ 2,759 bilhões já entraram no mercado brasileiro para a compra de ações, até o dia 17, segundo dados da BM&FBovespa.
Uma pesquisa feita pelo Bank of America Merrill Lynch (BofA) e pela TNS com mais de 250 gestores de fundos, responsáveis por administrar US$ 681 bilhões, concluiu que, após a última rodada de medidas de afrouxamento monetário adotadas pelos principais bancos centrais, a valorização das ações em países emergentes nos próximos 12 meses estará mais atrelada à liquidez do mercado do que propriamente à demanda doméstica.
Após a empolgação da semana passada, operadores já notaram um arrefecimento do fluxo ontem. Mas os dados só serão divulgados pela Bovespa na sexta-feira. Ainda é cedo para saber se o estrangeiro vai seguir comprando ou inverterá a mão. Os contratos futuros de Ibovespa para outubro indicam, por enquanto, que o clima é positivo. Na terça-feira, o saldo em mãos estrangeiras era de 11 mil contratos de compra, enquanto os investidores institucionais detinham saldo de 39 mil contratos de venda.
Ontem, a Bovespa engatou o terceiro pregão seguido de correção modesta, na contramão da semana passada, quando completou sete dias de alta. Desta vez, Petrobras e Vale realizaram com mais força, o que ainda não tinha acontecido nesta semana. O Ibovespa caiu 0,25%, para 61.651 pontos. O volume financeiro somou R$ 7,124 bilhões.
A forte queda do petróleo, de 3,5% para US$ 91,98, afetou Petrobras. O papel PN perdeu 2,28%, enquanto o ON recuou 2,74%, segunda maior baixa do dia. A commodity reagiu ao salto nos estoques dos EUA, de 8,5 milhões de barris na semana passada. Economistas previam alta de apenas 500 mil barris.
As declarações da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, não tiveram grande efeito sobre os papéis, segundo operadores. Ela afirmou que a companhia continua apostando em uma "convergência" entre os preços de combustíveis praticados no Brasil e no exterior. As ações PNA da Vale (-1,09%, a R$ 37,83) caíram mesmo diante do movimento recente de recuperação do preço do minério de ferro na China. Operadores consideraram o movimento como uma correção técnica do papel.
Lá fora, os investidores reagiram à decisão do Banco do Japão (BoJ) de ampliar seu programa de compra de ativos para dar suporte à economia, a exemplo do que fez recentemente o Federal Reserve (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE). A medida proporcionou apenas um modesto suporte aos mercados de ações, refletindo a incerteza dos investidores quanto à perspectiva futura para a economia mundial. Os indicadores desiguais do mercado de moradia dos Estados Unidos também não contribuíram para inspirar confiança em uma recuperação sustentada.
"As cartas de incentivo à economia mundial foram todas colocadas na mesa", afirma o analista da XP Investimentos, William Castro Alves. "Vamos aguardar os próximos indicadores de atividade na Europa e China para ver qual rumo as bolsas irão tomar." Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,10% e fechou com 13.577 pontos. O S&P-500 avançou 0,12%, para 1.461 pontos, enquanto o Nasdaq subiu 0,15%, aos 3.182 pontos. Na Europa, o índice Stoxx 600 avançou 0,10%, para 274,90 pontos.
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