quinta-feira, 19 de abril de 2012

Cambio avoante



Por Ronaldo Pignataro


Parece que a política cambial passa de flutuante a avoante de acordo com as interferências pesadas da autoridade monetária no mercado cambial nestes últimos dias.

De fato, a moeda norte-americana tem se mantido comportada em relação ao euro rondando os 1,31 no último mês ao passo que o real em relação ao euro está temperado à baiana, um pouco mais picante que o usual na moeda verde. O que será que pode estar acontecendo?

Em condições normais, a resposta a uma corrida deste tipo, entraria o BC vendendo, até como forma de aliviar seus 370 bilhões de dólares aplicados à taxas negativas, mas o que acontece já ganhou manchetes em vários jornais:

Dólar na maior cotação: R$ 1,877


Diario do Nordeste 19/04/12


São Paulo Com as incertezas externas no radar, o fluxo cambial negativo de US$ 799 milhões neste mês no mercado local e a intenção explícita do governo de desvalorizar o real, o dólar manteve demanda forte ontem, que sustentou seu preço em alta ante o real pela quarta vez consecutiva. O Banco Central repetiu dois leilões de compra à vista pela quinta sessão seguida, ajudando a potencializar o ganho da moeda, já que aceitou pagar taxas acima do preço de mercado.


O dólar à vista praticamente saltou dois níveis de preço: passou de R$ 1,854 no balcão, na terça-feira, para R$ 1,877 ontem, com ganho diário de 1,24% e no maior valor desde 25 de novembro de 2011 (em R$ 1,885). O resultado não só zerou as perdas no ano como levou a moeda americana a uma alta de 0,43% ante o real em 2012. Nesses quatro pregões no azul, o dólar no balcão valorizou-se 2,74%, o que equivale ao ganho acumulado em abril.

Então a pergunta que não quer calar é por que o BC tem aceitado pagar taxas acima do preço de mercado?

Se é que isso é verdade, convenhamos um tanto estranho essa de “aceitar” taxas acima do mercado, porém tal assertiva já me fez olhar com certa cobiça a nota de um dólar que levo em minha carteira, refuto a isso o efeito psicológico da noticia.

Com o adubo no dito popular de tudo que sobe desce e com o fato plantado no meu cérebro viro a página do jornal para a próxima manchete:


Colheita da soja avança para fase final no Brasil, diz Céleres


SÃO PAULO, 16 Abr (Reuters) - A colheita da soja se aproxima da fase final, com 90 por cento das áreas semeadas nesta temporada no centro-sul do Brasil colhidas até a última sexta-feira, apontou a Céleres em relatório desta segunda-feira.


O índice de colheita está próximo dos 89 por cento registrados neste mesmo período do ano passado. Na semana, o avanço foi de quatro pontos percentuais, segundo a consultoria.


Em todo o país, a colheita atingiu 88 por cento, contra 82 por cento na semana anterior e 85 por cento de igual período de 2011. Trata-se de um ritmo avançado se considerada a média brasileira dos cinco anos anteriores, que é de 80 por cento.


A safra de soja sofreu perdas com a estiagem nos Estados do Sul e sul de Mato Grosso do Sul, sendo rebaixada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a 65,6 milhões de toneladas em 2011/12, após o recorde de 75,3 milhões de toneladas do ciclo anterior.


A Céleres estima a safra brasileira de soja em 67,9 milhões de toneladas.


A comercialização da soja também segue em ritmo firme, beneficiada pela alta recente da oleaginosa no mercado internacional.


As vendas da atual safra somaram 72 por cento do total, contra 60 por cento da mesma época do ano passado e 56 por cento da média dos cinco anos anteriores.


Para a Céleres, diante do cenário menos otimista para a recuperação na zona do euro, as cotações da soja podem ter alguma retração na semana.


"Todavia, os fundamentos de mercado (oferta e demanda) ainda deverão prover sustentação para as cotações da oleaginosa durante o ano de 2012", previu a consultoria.


Engraçado como funciona o cérebro. De repente me vi um grande produtor de soja, feliz e repleto de agradecimentos.

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