quinta-feira, 22 de março de 2012

Risco de um default da Espanha é crítico, alerta Citigroup



Por Bloomberg

NOVA YORK - A Espanha nunca esteve tão perto de um calote e a Grécia, Irlanda e Portugal podem precisar de um socorro financeiro adicional, disse nesta quarta-feira o economista-chefe do Citigroup, Willem Buiter.

“A Espanha é o país-chave que mais me preocupa”, disse Buiter em entrevista à Bloomberg. “Ela realmente se moveu para o lado errado do espctro e nunca correu um risco tão grande de reestruturação da dívida soberana quanto agora.”

As tensões dos últimos dois anos, causadas pela dívida nos mercados europeus, diminuíram com a Grécia evitando o calote desordenado, com a criação de uma nova gestão econômica europeia e com o Banco Central Europeu (BCE) injetando mais de um trilhão de euros no sistema bancário.

“O BCE afogou os mercados e os bancos em liquidez”, disse Buiter. “Há uma sensação geral de quase euforia no momento, que leva aqueles que foram afogados em liquidez a acreditar que todos os problemas acabaram”, acrescentou.

Nesta tarde, os bônus da Espanha caíram, puxando a taxa de rendimento dos títulos de 10 anos para o nível mais elevado em mais de um mês, a 5,388%. O spread dos bônus soberanos espanhois de 10 anos sobre os títulos alemães similares subiu 20 pontos-base para 3,4 pontos porcentuais.

ESPANHA EM FOCO

Na terça-feira, a Espanha vendeu 5,04 bilhões de euros em títulos com vencimento em 12 meses e 18 meses, a taxas de juros mais baixas em quase dois anos. Ainda assim, o déficit orçamentário do país, o quarto maior da zona do euro, irá, em 2012, ultrapassar a meta definida pela União Europeia pelo segundo ano seguido. A dívida pública global no ano passado atingiu o nível mais elevado em mais de duas décadas.

A economia do país, a quarta maior da zona do euro, deve entrar em sua segunda recessão desde 2009 no primeiro trimestre deste ano, como resultado da queda na demanda doméstica em reação às profundas medidas de austeridade e desaceleração das exportações em meio à contração econômica da região.

O crescimento das exportações da Espanha desacelerou em janeiro para 3,9% ao ano, de uma expansão de 6,6% ao ano em dezembro.

“A Espanha é um dos grandes perdedores do primeiro trimestre, substituindo a Itália” como o país mais problemático da zona do euro, disse o estretegista-chefe global de câmbio da Brown Brothers Harriman, Marc Chandler.

Em 12 de março, os ministros de Finanças da zona do euro concordaram com o argumento da Espanha, de que não alcançará a meta orçamentária pelo segundo ano seguido em 2012, e flexibilizaram essa meta de 4,4% para 5,3% do PIB. Em 2011, o governo espanhol registrou um déficit orçamentário de 8,5% do PIB, resultado que ficou bem acima da meta de 6%.

GRÉCIA, PORTUGAL E IRLANDA

O economista-chefe do Citibank afirmou que a Grécia pode precisar de um novo socorro financeiro antes do fim deste ano ou, no mais tardar, em 2013.

“A [dívida] soberana grega não está em um caminho sustentável, então eles terão de se reestruturar novamente”, disse Buiter. "Portugal e Irlanda também não estão fora de perigo", acrescentou.

O risco de uma reestruturação da dívida de Portugal é "bastante alta" e isso pode ocorrer no ano que vem, enquanto que a Irlanda precisa de "suporte oficial adicional", na avaliação do economista-chefe do Citigroup.

“Os esforços de recapitalização no caso dos bancos e a desalavancagem para os governos tendem a diminuir" quando eles não são mais confrontados com dificuldades extremas de financiamento, disse Buiter.



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