segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Erros passados geram prognósticos cautelosos para a economia em 2012
Por Ben Casselman e Phil Izzo
The Wall Street Journal
O otimismo quanto à sustentação da recuperação econômica dos Estados Unidos está finalmente ganhando fôlego - mas é bom lembrar que o cenário também parecia muito positivo um ano atrás.
Nos primeiros meses de 2011, a taxa de desemprego caiu para o menor nível em quase dois anos. O crescimento se acelerava, impulsionado por consumidores que finalmente estavam colocando a mão no bolso. A renda subia enquanto a inflação se mantinha modesta. A maioria dos economistas esperava que a boa fase continuaria pelo ano todo. As coisas, claro, tomaram rumo diferente.
A tensão no Oriente Médio fez disparar o preço do petróleo, corroendo os salários dos consumidores. Um terremoto e um tsunami no Japão desmantelaram as cadeias de fornecimento no mundo todo. Uma crise de dívida soberana na Europa sacudiu os mercados globais, enquanto as negociações arriscadas sobre o teto da dívida em Washington abalaram a confiança no governo americano.
A criação de empregos e o crescimento da economia quase estagnaram, antes de finalmente ganharem força perto do fim do ano.
"Mesmo o grau mais modesto de otimismo que tivemos acabou sendo exagerado", disse Tim Gill, diretor de análise econômica para a Nema, uma associação setorial da indústria. Gill e seu colega Don Leavens se saíram melhor do que a maioria dos economistas que fizeram estimativas sobre o rumo que a economia tomaria em 2011. Eles tiveram o maior número de pontos no ranking anual de previsões econômicas do The Wall Street Journal. As classificações são baseadas em projeções, feitas em janeiro de 2011, sobre desempenho, inflação, desemprego, juros e produção econômica durante o ano.
Mesmo Gill e Leavens esperavam inflação bem mais acelerada e aumento do nível de emprego mais modesto do que os dados registrados nos EUA. E, como todos os outros economistas, suas previsões para o crescimento da economia se revelaram muito otimistas.
"O ano de 2011 foi uma lição de humildade para todos nós economistas", afirmou Sung Won Sohn, professor da Universidade do Estado da Califórnia, que ficou em terceiro lugar no ranking de 52 economistas avaliados pelo WSJ.
Os resultados refletem a incerteza inerente dos prognósticos econômicos, que têm menos a ver com a previsão do futuro e mais com identificar as tendências atuais e traçar o caminho que a economia vai tomar se essas tendências continuarem. Desastres naturais, guerras, agitação política e outros choques semelhantes podem desviar a economia de um determinado caminho, como aconteceu repetidamente ao longo de 2011.
Terremotos são difíceis de prever. Mas há várias crises provocadas pelo ser humano que poderiam novamente prejudicar a recuperação. Muitas delas são conhecidas: a crise de dívida da Europa está longe de ser resolvida, as tensões no Oriente Médio mais uma vez ameaçam os preços do petróleo, e a eleição presidencial nos EUA faz com que o impasse em Washington seja quase uma certeza. Tais riscos estão sempre presentes, claro. Mas uma economia mais saudável estaria mais preparada para enfrentá-los. A fraca retomada deixou os EUA com pouca proteção.
Os economistas, antes mais ousados, estão cautelosos desta vez. Na pesquisa mais recente do WSJ, deste mês, projetaram uma aceleração do crescimento modesta este ano em relação a 2011. Eles esperam que o PIB mostre expansão anualizada de 2,5%, sendo que em 2011 a taxa, também anualizada, foi de 1,6%. É a maior projeção em cinco meses, mas ainda representa um crescimento mais lento do que o nível estimado há um ano.
Há razões para se acreditar que a economia dos EUA está em bases mais sólidas desta vez. Em 2011, a maior parte da queda no desemprego foi puxada por pessoas que desistiram de procurar trabalho, isto é, pessoas que já não se enquadravam como desempregadas. Os ganhos mais recentes têm sido sustentados por contratações concretas. Os consumidores estão menos endividados e o mercado de imóveis mostra sinais titubeantes de melhora pela primeira vez desde o estouro da bolha imobiliária.
Os 49 economistas que responderam à última pesquisa do WSJ - nem todos responderam a todas as questões - estimam a probabilidade de uma recessão nos próximos 12 meses em apenas 16%, enquanto em setembro falavam em 33%. Agora eles esperam que as empresas americanas criem mais de 2 milhões de empregos nos próximos 12 meses, um ritmo de crescimento que não é visto desde 2006. E os economistas acham que os dados econômicos têm mais chance de superar as expectativas do que ficar abaixo das projeções.
Louis Crandall, da Wrightson Icap, que ficou em segundo no ranking deste ano, disse que a recuperação parece se espalhar para mais setores da economia, o que pode diminuir o impacto de qualquer choque. Em algum ponto - não agora, mas talvez até o fim do ano - a economia ganhará fôlego para lidar com a alta do preço da gasolina ou evento semelhante. Como outros economistas, ele disse a mesma coisa no ano passado.
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