quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Empresas europeias exploram queda do euro
Por Bryan Keogh
The Wall Street Journal
Alguns diretores financeiros da Europa estão enxergando um raio de luz no mergulho recente do euro.
A desvalorização de 8% da moeda desde outubro, que reflete a deterioração das condições econômicas na Europa e a dificuldade das autoridades em restabelecer a confiança nos seus governos e nos seus títulos de dívida, está começando a impulsionar as exportações da região.
A tendência é uma boa notícia para fabricantes europeus como Rémy Coiuntreau SA e STMicroelectronics NV, porque torna seus produtos mais competitivos em mercados estrangeiros.
Também ajuda companhias como a Software AG, ao tornar seus lucros no exterior mais altos quando contabilizados em euro. A Software AG aproveitou nas últimas semanas as baixas cotações do euro contra o dólar, as menores dos últimos 17 meses, para amarrar suas taxas de câmbio e assim proteger seus lucros nos Estados Unidos.
A companhia de software alemã obtém mais de 60% dos seus lucros licenciando programas para empresas fora da zona do euro, sendo cerca de metade disso nos EUA.
"Com o enfraquecimento do euro, é claro, toda a nossa posição de mercado ficou muito mais forte", disse ao The Wall Street Journal Arnd Zinnhardt, diretor financeiro da Software AG.
Por outro lado, as empresas europeias que importam produtos ou peças de fora da zona do euro e têm custos mais altos em commodities precificadas em dólar, como o petróleo, estão sofrendo um pouco.
Algumas delas, como as montadoras alemãs BMW AG e a Daimler AG, estão reagindo à volatilidade do euro expandindo as suas operações no exterior, criando proteções naturais ao manter suas receitas na mesma moeda de seus custos associados.
"Os diretores financeiros europeus estão definitivamente seguindo o princípio 'Eu tenho que me proteger contra uma potencial fraqueza do euro'", disse Guido Schulz, vice-presidente executivo global de gerenciamento estratégico da consultora de câmbio Afex, de Chicago.
O euro estava sendo negociado a US$ 1,32 no início da tarde de ontem em Nova York, 12% abaixo do seu pico de US$ 1,49 em maio. Ainda assim, está 3,5% mais alto que o seu mínimo em 2012, de US$ 1,2624, em 13 de janeiro.
Ontem o euro estava subindo, mas continuava abaixo de seus recordes de alta.
Frédéric Pflanz, diretor financeiro da Rémy Cointreau, disse que o fabricante de conhaque francês, que obtém cerca de 70% da sua receita fora da Europa, já percebeu "o momento favorável do dólar americano".
Mas o quanto as empresas ainda se beneficiarão de um euro mais fraco dependerá de a moeda continuar caindo, como muitos analistas esperam.
O euro pode disparar se os líderes europeus conseguirem convencer os mercados de que estão combatendo a crise fiscal de mais de dois anos na região, ou se países como os EUA agirem para desvalorizar suas próprias moedas. A cúpula do Federal Reserve, o banco central americano, indicou na semana passada que espera manter as taxas de juros nos EUA próximas de zero até 2014, o que puxará o dólar para baixo.
"O euro não desvalorizou até um ponto em que nós realmente podemos dizer que ele está fraco", disse Schulz, da Afex.
Os analistas do banco UniCredit SpA, o maior da Itália, estimam que o euro vai cair para US$ 1,18 até julho, um acontecimento que será "provavelmente bem-vindo" para líderes ansiosos em promover a recuperação europeia. O presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, disse que a esperada desvalorização da moeda pode ajudar a região a evitar uma recessão profunda.
As exportações na zona do euro dispararam em novembro, criando um inesperado superávit de US$ 9,1 bilhões na balança comercial, de acordo com a Eurostat, a agência de estatísticas da UE.
"Com o câmbio do euro contra o dólar perto de US$ 1,30, o cenário atual melhora de algum modo" para a fabricante franco-americana de chips STMicroelectronics, disse o diretor financeiro da empresa, Carlos Ferro, a analistas em 24 de janeiro.
No ano passado, a companhia suíça fez hedge para minimizar a exposição à volatilidade do câmbio e está atualmente procurando opções que lhe deem mais flexibilidade para tirar proveito das taxas favoráveis.
"Há muita volatilidade no mercado", disse Schulz. "Pode cair só até aqui, ou pode cair mais, por isso as pessoas estão preferindo esperar para ver".
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