quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Petroleira americana estuda deixar Brasil
Maiores operações no país estão no pós-sal; saída significa concentrar recursos para investir no golfo do México
Empresa teve sucesso em 4 blocos perfurados: Wahoo e Itaipu, ambos no pré-sal, e Itaúna e Coalho, no pós-sal
LEILA COIMBRA
DO RIO - FSP 05/10
A petroleira americana Anadarko analisa vender todos os blocos de petróleo que possui no Brasil, apesar da promissora capacidade de produção do pré-sal.
Magda Chambriard, diretora da Agência Nacional do Petróleo, confirmou ontem a informação, em evento da área de petróleo e gás. Segundo Chambriard, a Anadarko segue o mesmo caminho já trilhado pela também americana Devon, que vendeu recentemente, para a britânica BP, suas atividades de exploração de óleo em território brasileiro, para se concentrar no mercado norte-americano.
"Fico com pena, a Anadarko vinha atuando no Brasil de forma muito competente, mas é uma opção deles", disse Chambriard. A empresa teria contratado os bancos Citigroup, Morgan Stanley e Scotia Waterous para estruturar a negociação. A petrolífera obteve sucesso em quatro blocos que perfurou: Wahoo e Itaipu, ambos no pré-sal, e Itaúna e Coalho, no pós-sal.
Suas reservas no Brasil são avaliadas entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões, considerando-se a cotação de US$ 90 por barril, segundo avaliação do mercado.
Embora o pré-sal seja vantajoso do ponto de vista de reservas, as maiores operações da Anadarko no país se encontram no pós-sal. Sair do Brasil significaria poder concentrar recursos para investir no golfo do México, onde suas operações são avaliadas entre US$ 14 bilhões e US$ 20 bilhões, e na costa da África, onde seus ativos estão estimados em US$ 7 bilhões.
A Anadarko também terá de levantar recursos caso seja responsabilizada pelo vazamento da plataforma Deepwater Horizon, no golfo do México, em 2010, resultante da ruptura do poço Macondo, perfurado pela BP.
A BP concordou em destinar US$ 20 bilhões para compensar as vítimas do acidente, mas exige que seus parceiros no poço também assumam parte da responsabilidade.
A BP possui 65% do poço que explodiu, a Anadarko, 25%, e a japonesa Mitsui é dona dos 10% restantes. A Anadarko alega que o contrato com a BP, que era a operadora e detinha 65% do poço, contém uma cláusula limitando sua responsabilidade se for demonstrada negligência grosseira por parte da operadora (BP).
No entanto, em julho, o governo dos EUA disse que, pela legislação federal de poluição por petróleo, a Anadarko é parcialmente responsável pelo dano ambiental causado pelo vazamento. Ainda não houve uma decisão final sobre a questão, mas a BP cobra US$ 5 bilhões da Anadarko para cobrir custos do acidente.
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