quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Investimento direto se sustenta com US$ 50,5 bi


Valor 26/10

O ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil continua alheio à deterioração do cenário internacional. A entrada desses recursos até setembro alcançou a marca de US$ 50,451 bilhões, resultado já superior ao que o país recebeu durante 2010 inteiro (US$ 48,437 bilhões). A cifra também garante o recorde no volume de investimentos diretos vindos de outros países desde 1947, quando se inicia a série histórica calculada pelo Banco Central (BC).

No mês passado, o IED alcançou US$ 6,326 bilhões, cifra superior à estimativa de US$ 5 bilhões da autoridade monetária, que já colocava no cálculo uma desaceleração como consequência da crise internacional. Mesmo diante desse quadro, o resultado foi o melhor para o mês desde 2004.

O saldo acumulado no ano equivale a mais de 84% do que a autoridade monetária prevê para todo o ano. Se o prognóstico do BC de mais US$ 4 bilhões para outubro se concretizar, faltará apenas US$ 5,5 bilhões para novembro e dezembro juntos cumprirem a previsão oficial, de US$ 60 bilhões. O valor restante para os dois meses é inferior à média mensal de IED neste ano.

Se a comparação for em 12 meses, a entrada desses recursos soma US$ 76,332 bilhões, o que corresponde a 3,25% do PIB projetado pelo BC. A relação IED/PIB no mês passado só é inferior a dezembro de 2002, quando chegou a 3,39%.

Apesar dos números, o BC ainda não revisou a projeção oficial para 2011, embora o chefe do Departamento Econômico, Tulio Maciel, reconheça que a estimativa é "conservadora". Ele argumenta, porém, que a análise em 12 meses está inflada pelo resultado atípico de dezembro do ano passado (US$ 15,361 bilhões).

Mesmo assim, parece mais certeira a estimativa do diretor de Política Monetária, Aldo Mendes. No mês passado, ele disse aos deputados na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara que o investimento estrangeiro no setor produtivo brasileiro poderia chegar a US$ 70 bilhões. Pouco tempo depois, porém, a assessoria de comunicação do BC afirmou que a projeção não era oficial, mas fruto de "um exercício de cálculo" feito pelo diretor com base no que tinha entrado até agosto.

Para o chefe do Departamento Econômico, Tulio Maciel, a disparada do IED não reflete drasticamente os efeitos da crise global pela maturidade exigida nesse tipo de investimento e pela confiança dos estrangeiros na economia brasileira. A tendência, de acordo com Maciel, é que o ingresso continue forte em decorrência da necessidade de aplicação de capitais no pré-sal e nos eventos esportivos, como Copa do Mundo e Olímpiada, marcados para os próximos anos.

A maior parte do IED refere-se à aquisição de participações diretas no capital de empresas. Em setembro, ela chegou a US$ 5,367 bilhões; no acumulado no ano registrou US$ 40,123 bilhões, ante US$ 20,278 bilhões de igual período do ano passado.

Os ingressos líquidos de empréstimos feitos por empresas estrangeiras a filiais no Brasil, que também são classificados como IED por não fugirem do país em momentos de corrida para o dólar, somaram US$ 959 milhões em setembro e US$ 10,238 bilhões nos nove primeiros meses do ano. De janeiro a setembro de 2010, os empréstimos intercompanhias foram bem menores, US$ 2,278 bilhões.

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