terça-feira, 18 de outubro de 2011
Estrangeiro dá sinal de retomada da aposta na valorização do real
Valor 18/10
Os investidores estrangeiros retomam suas apostas na força do real. Essa preferência pode significar um novo ciclo de acumulação de posições vendidas em derivativos cambiais e dor de cabeça para o governo Dilma que prefere uma taxa de câmbio menos valorizada. De quinta-feira para sexta, os contratos em aberto na BM&FBovespa (em dólar futuro e cupom cambial ou juro em dólar) confirmam que esses investidores deixaram uma posição líquida comprada e assumiram a venda. Tecnicamente, portanto, os estrangeiros deixaram de investir na alta dos ativos referenciados em dólar para investir na queda desses ativos, o que significa apostar na desvalorização do dólar em relação ao real.
Os contratos em aberto são divulgados pela BM&F com um dia de atraso. Portanto, apenas nesta manhã o mercado será informado do comportamento dos investidores neste início de semana. Mas a cotação do dólar no fechamento dos negócios, ontem, em alta de 2,25% a R$ 1,769, abre a possibilidade de nova revisão de posição pelos estrangeiros. O fôlego do dólar também pode ter refletido apenas uma maior aversão a risco.
Ontem, o dólar interrompeu oito pregões de queda e parte da baixa de 8% acumulada em 10 dias, até a sexta-feira, foi revertida. Na sexta, a taxa de câmbio foi a menor em um mês, a R$ 1,73. No início de outubro, a cotação chegou a superar R$ 1,96, o que chamou o Banco Central (BC) ao mercado com swap cambial tradicional - equivalente à venda de dólares para liquidação futura.
Na sexta-feira, a posição líquida dos estrangeiros em derivativos cambiais era de US$ 226,2 milhões. Resultado de um saldo comprado de US$ 3,706 bilhões em dólar futuro e um estoque vendido de US$ 3,932 bilhões em cupom cambial ou juro em dólar.
Em julho, mês em que os estrangeiros acumularam posição vendida inédita de US$ 24,637 bilhões, o dólar chegou a cair a R$ 1,553 - menor cotação em mais de uma década. É certo que o comportamento do dólar aqui replicou uma tendência mundial. Mas o vigor do movimento doméstico coincidiu com a surpreendente decisão do Comitê de Política Monetária de cortar o juro básico em 0,50 ponto percentual, em 31 de agosto.
Em relatório distribuído em setembro, mês em que o dólar engrenava a alta, o departamento de estudos e pesquisas econômicas do Bradesco alertava que o desempenho da moeda refletiu certamente maior aversão ao risco, precipitada pelos problemas fiscais europeus, e também pelo corte da Selic, na virada de agosto para setembro.
"Essa data é um divisor de águas para o comportamento da taxa de câmbio", diz a equipe chefiada por Octavio de Barros, que questionava naquele momento por que, então, o corte de 0,50 ponto percentual na Selic fez tanta diferença? E, para esses economistas, a decisão do Copom "marcou uma certa flexibilização do regime de metas de inflação, sinalizando para um novo arcabouço de gestão macroeconômica no qual o crescimento econômico e o câmbio depreciado ganham primazia em relação à busca pelo centro da meta de inflação".
Agora, às vésperas da penúltima reunião do Copom de 2011 que tem início hoje, o dólar chama atenção. O mercado, de novo, não espera uma decisão surpreendente do comando do BC. Parcela majoritária do mercado prevê corte da taxa Selic de 0,50 ponto percentual, para 11,50% ao ano.
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