quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Modelo precisa mudar para Brasil sustentar crescimento, diz CNI

O último ciclo de forte expansão da economia brasileira – o período 2004-2008, quando o Brasil cresceu mais que a economia mundial – foi liderado pela indústria. No período pós-crise econômica mundial esse quadro se modificou. Em 2011, o Brasil voltou a crescer menos que o mundo e a indústria menos que o Brasil: o PIB aumentou 2,8% e a indústria apenas 1,8%.


A perda de dinamismo das economias avançadas e a mudança do eixo dinâmico da economia mundial para a Ásia se refletem negativamente na indústria brasileira. A mudança significa menor demanda líquida por produtos manufaturados brasileiros, pois a Ásia é nossa concorrente direta nesses produtos. Não apenas encolheu o mercado externo para nossas exportações industriais como aumentou a penetração de produtos estrangeiros no atendimento do mercado brasileiro.

Nesse cenário, a prevalência de uma equação macroeconômica de juros altos e câmbio valorizado e os poucos avanços na eliminação dos entraves à melhoria da competitividade mostram-se fatais: a indústria de transformação cresceu apenas 1,1% em 2011.

Para a indústria voltar a ser o centro dinâmico da economia brasileira, e o país sustentar um ciclo de expansão maior que a média mundial, é essencial mudar nossa estratégia de crescimento e enModelo

precisa mudar para Brasil sustentar crescimentocarar dois desafios. De um lado, aumentar a competitividade brasileira de modo a permitir aos produtos industriais enfrentar a concorrência com os asiáticos. De outro, mudar o padrão de expansão doméstico e eleger o investimento – e não o consumo – como a alavanca do crescimento. Em um modelo de crescimento sustentável, o consumo não pode crescer mais que o PIB.

Do ponto de vista macroeconômico, o aumento da taxa de investimento precisa ser financiado pela maior disponibilidade de poupança. Na insuficiência da poupança doméstica, esse esforço de investimento se traduz em aumento do déficit em conta corrente.

Como cerca de 60% do PIB são formados por “nontradables” (aqueles bens que não fazem parte do comércio internacional, como os serviços) e o setor intensivo em recursos naturais é muito competitivo, o déficit de poupança se traduz em um crescente déficit nos produtos manufaturados. O câmbio valorizado viabiliza essa estratégia.

A indústria precisa crescer mais que o PIB e o PIB mais que o consumo. Sem mudança no modelo, a indústria de transformação brasileira irá crescer pouco – menos que o PIB – e o processo de perda de participação relativa do setor na economia irá prosseguir. Sem ter completado seu ciclo de desenvolvimento, o Brasil não pode correr o risco de se tornar precocemente uma economia pós-industrial.
 
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