sexta-feira, 1 de junho de 2012

Economia cresce 0,2% no primeiro trimestre, aponta IBGE



Por Alessandra Saraiva e Juliana Ennes - colaboraram Arícia Martins, Francine De Lorenzo e Tainara Machado
Valor - 01/06

RIO - A economia brasileira, medida pelo desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), cresceu 0,2% nos primeiros três meses deste ano na comparação com os últimos três meses de 2011, na série com ajuste sazonal, informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já em relação ao mesmo período do ano passado o crescimento foi de 0,8%.

Análise: PIB sugere que crescimento robusto exigirá mais que crédito

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deverá comentar os números ainda hoje.

No último trimestre de 2011, o PIB cresceu 0,2% (dado revisado, ante 0,3% divulgado anteriormente) sobre o terceiro trimestre, na série dessazonalizada.

Expectativa

O resultado ficou abaixo da média de 0,55% apurada junto a 11 analistas consultados pelo Valor. As estimativas variavam de 0,50% a 0,80%.

O PIB do primeiro trimestre veio em linha, por outro lado, com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, e que mostrou crescimento de 0,15% na passagem do último trimestre de 2011 para o primeiro de 2012, na série com ajuste sazonal.

Relação ao trimestre anterior

No lado da oferta, a indústria subiu 1,7%, o que representa a maior alta desde o primeiro trimestre de 2010, quando tinha havido expansão de 2,6%. O setor de serviços registrou alta de 0,6% e a agropecuária teve contração de 7,3%.

Pelo lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 1% no primeiro trimestre de 2012 ante o último de 2011. A demanda do governo aumentou 1,5% e a formação bruta de capital fixo (que representa o investimento em máquinas e equipamentos e na construção civil) caiu 1,8%, sempre na mesma base de comparação e na série com ajuste sazonal.

A taxa de investimento atingiu 18,7% do PIB no primeiro trimestre.

Comparação com um ano antes

Em relação ao primeiro trimestre de 2011, pelo lado da oferta, a indústria subiu 0,1%, o setor de serviços registrou alta de 1,6% e a agropecuária teve contração de 8,5%.

Pelo lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 2,5% no primeiro trimestre de 2012, também ante o mesmo período de 2011. A demanda do governo aumentou 3,4% e a formação bruta de capital fixo (que representa o investimento em máquinas e equipamentos e na construção civil) caiu 2,1%, sempre na mesma base de comparação.

Investimento em baixa




O investimento, que responde à situação de fraqueza da indústria e de queda da confiança ante um cenário internacional conturbado, recuou 1,8% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o quarto trimestre do ano passado, com ajuste sazonal. Esse é o terceiro trimestre consecutivo de retração no investimento nesta base de comparação.

O recuo foi maior do que o esperado. A média das projeções coletadas pelo Valor Data para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas e equipamentos e na construção civil) era de queda de 1,26%, com intervalo entre queda de 4,1% e alta de 0,4%.

O comportamento do investimento piorou em relação ao quarto trimestre do ano passado, quando caiu 0,6% na comparação com o terceiro trimestre de 2011, feitos os ajustes sazonais. O dado referente aos três últimos meses de 2011 foi revisado pelo IBGE, que anteriormente havia informado elevação de 0,2% no período.

Famílias consumiram mais



O crescimento de 0,2% PIB entre janeiro e março de 2012 foi novamente puxado, sob a ótica da demanda, pelo consumo das famílias, que avançou 1% no período, sempre na comparação com o quarto trimestre, feitos os ajustes sazonais. O avanço ficou em linha com as estimativas coletadas pelo Valor Data com nove instituições. De acordo com a média das projeções, a expectativa era de alta de 1,04% na mesma base de comparação, com intervalo entre 0,6% e 1,5%.

Em relação ao último trimestre, quando o crescimento do consumo das famílias também foi de 1% ante o trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal, houve estabilidade. Na comparação com o primeiro trimestre de 2011, a alta foi de 2,5%.

Os economistas projetavam essa variação com base no aumento da renda real no período, influenciada pelo ajuste de 14% do salário mínimo em janeiro. No entanto, ponderaram, o impulso poderia ter sido maior se não fosse o aumento do comprometimento da renda das famílias e a alta da inadimplência. De acordo com os dados do Banco Central, os pagamentos com atraso superior a 90 dias nas linhas de crédito ao financiamento de automóveis aumentaram 2,7 pontos entre março de 2011 e o mesmo mês deste ano.

Consumo do governo

Ainda sob a ótica da demanda, o consumo do governo avançou 1,5% nos primeiros três meses deste ano em relação ao último trimestre do ano passado, com ajuste sazonal. A compilação da média das estimativas captadas pelo Valor Data com nove instituições era de alta de 0,48%, na mesma base de comparação. As projeções variavam de um mínimo de -0,20% a um máximo de +1,10%. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, houve crescimento de 3,4% para o indicador.

Retração do agronegócio

As secas que atingiram o Sul e o Nordeste neste início de ano provocaram quebras de safra e prenunciavam um resultado pior para o PIB do segmento agropecuário, que recuou 7,3% na passagem do último trimestre de 2011 para o primeiro deste ano, feitos os ajustes sazonais.
Oito instituições ouvidas pelo Valor Data trabalhavam com aumento médio de 0,33% para o PIB agropecuário no período, com intervalo entre queda de 2,2% e alta de 1,9%. No resultado anterior, o PIB agropecuário havia recuado 0,1% entre o terceiro e o quarto trimestre de 2011.

A atividade nordestina encolheu 1% no período, enquanto a queda no Sul foi de 0,4%, feitos os ajustes sazonais, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) para cada uma das regiões. Dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também apontam que a safra 2011/2012 de grãos no Sul foi 17,9% menor do que a anterior. No Nordeste, o recuo foi de 15,9%.

Surpresa da indústria

O desempenho da indústria no primeiro trimestre surpreendeu ao crescer 1,7% no período, sempre na comparação dessazonalizada, variação que ficou acima das estimativas coletadas pelo Valor Data com nove instituições.

Nove instituições ouvidas pelo Valor Data esperavam alta de 0,32% no PIB industrial no primeiro trimestre do ano, de acordo com a média de projeções. O intervalo variava entre recuo de 0,6% e elevação de 2,2%. No último trimestre de 2011, o PIB da indústria havia encolhido 0,5% sobre o trimestre anterior. Para analistas, a indústria deve mostrar recuperação mais pronunciada a partir da segunda metade do ano, quando já estará surtindo efeito sobre a economia todo o arsenal de medidas do governo.

Avanço dos serviços

O setor de serviços também contribuiu para o crescimento econômico no primeiro trimestre do ano. Esse componente da oferta registrou alta de 0,6% sobre o último trimestre do ano passado, feitos os ajustes sazonais.

De acordo com a média de nove projeções, a expectativa era de alta de 0,92% nesta base de comparação, com intervalo entre 0,6% e 1,3%. O resultado atual representa aceleração frente ao último trimestre de 2011, quando o PIB de serviços havia crescido 0,4% sobre o terceiro trimestre daquele ano.


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