sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Votorantim tem prejuízo de R$ 85 milhões
Por Carolina Mandl | De São Paulo - Valor 04/11
Em meio a aumento da inadimplência de seus clientes e custos mais altos para captar recursos no mercado, o Banco Votorantim registrou um prejuízo de R$ 85 milhões de julho a setembro deste ano, sendo que em igual período de 2010 a instituição teve um lucro líquido de R$ 266 milhões.
Conforme mostram os número do balanço divulgado ontem, as provisões para perdas com calote e as despesas de captação consumiram R$ 5 bilhões do Votorantim, ante R$ 1,8 bilhão em igual período de 2010.
Segundo documento elaborado pelo Banco do Brasil, instituição que detém 50% do Banco Votorantim, a maior despesa com captação de recursos no mercado se deve ao "crescimento do saldo médio dos recursos captados, com alongamento do prazo médio e maior subordinação".
A parte de custos mais altos com as captações pode ser explicada, em parte, pelo fato de o Votorantim estar buscando neste ano ampliar o período médio de vencimento dos papéis, usando instrumentos sem liquidez, como títulos de dívida externa e letras financeiras, em vez de depender apenas dos Certificados de Depósitos Bancários - com prazos curtos - e das vendas de carteira de crédito para outras instituições. A alta dependência de CDBs de grandes clientes é que gerou problemas de liquidez para a instituição na crise de 2008.
Segundo o Valor apurou, neste ano, o prazo médio das captações do Votorantim já esticou cem dias, com emissões de letras financeiras com vencimento de dois e três anos e de papéis de dívida externa de cinco anos. Títulos mais longos se encaixam melhor à duração da carteira de crédito do banco, na qual predomina o financiamento de veículos, em média, por 21,1 meses.
A contrapartida da ampliação dos prazos de captação é o custo mais elevado, já que, para comprarem papéis sem liquidez, os investidores querem remunerações mais polpudas.
A atual temporada de balanços de bancos tem mostrado que os calotes das pessoas físicas estão em alta e o mesmo se deu com o Votorantim.
Medidas adotadas pelo governo para conter o consumo têm atingido as carteiras de crédito. Ao exigir mais capital das instituições para operações de longo prazo com pessoas físicas, os custos dos financiamentos subiram. Ao mesmo tempo, quem estava com dívida no cartão de crédito passou a ter de fazer um pagamento mínimo maior. Fora a inflação em alta, que corroeu parte da renda familiar.
No caso do Votorantim, as operações vencidas há mais de 90 dias passaram de 2,7% da carteira em setembro do ano passado para 4,3% em igual mês deste ano. Com isso, as despesas com provisões passaram de R$ 323 milhões no terceiro trimestre de 2010 para R$ 978 milhões agora.
O Valor apurou que o Votorantim ainda trabalha com um cenário de alta da inadimplência para este ano. O banco, entretanto, também tem se tornado mais rigoroso na hora de conceder os empréstimos. Um ano atrás, 41% das propostas recebidas pela instituição eram aceitas. Hoje, a média é de 41%.
A carteira de crédito do Banco do Brasil alcançou R$ 64 bilhões, alta de 21,3% em relação a setembro do ano passado e de 4,5% na comparação com junho.
Em 2009, o Banco do Brasil comprou 50% da instituição da família Ermírio de Moraes. Desde então, o Banco do Brasil já comprou cerca de R$ 12,5 bilhões em carteiras de crédito do Votorantim, sendo R$ 8 bilhões em financiamentos a veículos.
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