quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O admirável mundo novo


Por Carl Schramm - Valor 10/11

Entramos no que pode ser denominada a era da "economia de fronteira". À medida que fontes mais antigas e mais fáceis de crescimento econômico vão secando, as perspectivas de dinamismo e prosperidade continuadas dependem mais que nunca de jovens empresas empreendedoras pioneiras para explorar e estender as barreiras tecnológicas. Isso coloca as economias nacionais sob constante pressão no sentido de derrubar barreiras artificiais à competição. Em outras palavras, em sua busca de crescimento econômico, os países precisam tornar suas economias mais empreendedoras.

Na medida em que muitos novos empregos em economias voltadas para o empreendedorismo têm menos de cinco anos, não é de surpreender que os líderes políticos ao redor do mundo e cobrindo todo o espectro ideológico estejam agora buscando formas de revigorar suas economias concentrando-se em formas de estimular a formação de novas empresas. É uma estratégia para enfrentar o duplo desafio do crescimento e criação de empregos.

Esse admirável mundo novo de "fronteira econômica" representa um significativo ponto de mudanças para o mundo inteiro. Sempre foi assumido que, em contraste com o mundo em desenvolvimento (e em particular as verdadeiras economias de fronteira como o Quênia, Nigéria, Vietnã, Colômbia, Romênia e Cazaquistão), os países desenvolvidos tiveram uma vida mais fácil. Com economias bem estabelecida e bem azeitadas, só precisavam se preocupar em fazer mais da mesma coisa. Na realidade, não é assim: quanto mais rico fica um país, mais incerto torna-se seu futuro econômico.

Num momento em que buscamos estabilidade e segurança, emerge uma visão paradoxal: para sustentar nosso progresso, precisamos por fim ao velho e estar aberto para o novo.

O que é, como sabemos, a grande observação originalmente formulada por Joseph Schumpeter em seu conceito de destruição criativa. Suas ideias são idealmente adequadas ao nosso tempo - e, apesar disso, pouco toleradas por políticos da velha escola. Eles consideram ser ainda sua "missão proteger empresas poderosas e bem estabelecidas. Isso pode, ou talvez não, proteger empregos existentes - mas certamente destrói muitos outros empregos potenciais.

Até agora, os defensores da destruição criativa têm sido amplamente considerados defensores de um capitalismo primal e, por extensão, arquiconservadores. Sempre me senti intrigado diante isso. Qualquer pessoa com alguma percepção do verdadeiro alcance dos desafios do mundo contemporâneo - do ambiente à saúde e da educação à energia -, têm consciência da necessidade de implementar novas abordagens.

Para concretizar essas mudanças, aqueles que constituem o que é geralmente descrito como esquerda ideológica precisam torcer para que uma dose saudável das ideias de Schumpeter sejam aplicadas ao processo político e à economia. Para essas forças sociais, o poder de interesses encastelados é o obstáculo à renovação econômica e ao progresso social.

Enquanto isso, o campo da direita, após dois séculos e um quarto de desenvolvimento contínuo, tem de admitir que o crescimento futuro não seguirá os modelos anteriores lineares de crescimento.

E como ficam os jovens, nesse cenário? Eles têm uma percepção geral de que enfrentam perspectivas de emprego incertas. Ao mesmo tempo, fazem parte de uma geração onde as fronteiras da inovação tecnológica e social estão sendo cada vez mais ampliadas. Depois que as inovações tecnológicas permaneceram durante longo tempo uma abstração, ou bastante inflexíveis, elas agora produzem novas ideias e paradigmas. A rápida adoção em âmbito mundial de mídias sociais e de outros aparelhos e redes eletrônicas baratas também estimula tomada de decisões descentralizadas, porém mais engajadas e conectadas.

Para que isso se torne uma realidade e explore novas fontes de prosperidade, os jovens, tanto empresários como líderes políticos, precisam contar com uma ampla gama de mercados verdadeiramente competitivos em bom funcionamento. E precisamos estar abertos à inovação empresarial. Isso não se aplica apenas a empresas recém formadas. O exemplo da Apple ressalta que até mesmo empresas bem estabelecidas, a fim de realmente ter sucesso, precisam permanecer dispostas a envolver-se em destruição criativa e se reinventar de cima a baixo.

Com tudo isso em mente, a Semana Global de Empreendedorismo (14 a 20 novembro) ajuda as pessoas em todo o mundo a explorar seu potencial - precisamente as pessoas que participarão dessa competição para descobrir e nutrir as novas e brilhantes ideias que impulsionarão o crescimento econômico futuro. Joseph Schumpeter, expressa pela primeira vez em 1942, nunca foi tão relevante como hoje. (Tradução Sergio Blum)

Carl Schramm é presidente e CEO da Ewing Marion Kauffman Foundation. unleashingideas.org/country/br.

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