sexta-feira, 30 de março de 2012

Petróleo segue firme e preço dos metais recua em março



Por Vanessa Dezem - Valor 30/03
De São Paulo

Enquanto o petróleo retorna ao pico verificado no início do ano passado - quando o mundo vivenciava os piores momentos da primavera árabe -, as commodities industriais, à frente os metais não ferrosos, vão bem no ano, apesar do recuo nas cotações em março. Mesmo com caminhos opostos, o momento do mercado internacional tem um ponto em comum: os preços têm sido mais influenciados pelas notícias sobre a recuperação da economia global e questões geopolíticas do que pelos fundamentos econômicos de oferta e demanda.

"Não é exatamente a demanda e a oferta que estão no foco. As crises geopolíticas têm sido o fator principal de estímulo das cotações do petróleo", afirmou o analista da Ágora Corretora, Luiz Otávio Broad. "Muitos dos fundamentos não têm apresentado influência direta nos preços. As cotações dos metais na LME (a Bolsa de Metais de Londres) têm sido amplamente influenciadas pelo fluxo de notícias, como as que envolvem a Grécia", completou Giles Lloyd, consultor da CRU International, consultoria global do setor de mineração.

O primeiro trimestre representou para os preços do petróleo uma alta de 13,81% na comparação com a última cotação de 2011. O Brent, de Londres - que fechou ontem a US$ 121,63 o barril - vem registrando um movimento de valorização que tem feito com que a commodity atinja os mesmos patamares verificados entre março e abril do ano passado. Enquanto naquela época os investidores temiam o desabastecimento devido à ebulição das crises políticas que ocorriam em diversos países produtores no Oriente Médio e no norte da África, hoje a preocupação está concentrada no Irã. A República Islâmica tem sofrido sanções da comunidade internacional, diante de sua insistência no programa nuclear. "As notícias do embargo do petróleo iraniano têm impulsionado os preços. Não há um grande alavancador da demanda por petróleo que justifique esse avanço", afirmou Broad.

A performance das commodities metálicas, por outro lado, tem sido bastante variada. Em geral, desde o início do ano, as cotações na LME têm apresentado recuperação, mas nos últimos dias esse movimento se inverteu.

O cobre, por exemplo, apresenta alta de 10,11% no acumulado do ano. Em março, no entanto, foi registrada queda de quase 3%. Ontem, a cotação do metal fechou a US$ 8.335 a tonelada. Aos US$ 2.146,50 a tonelada, o alumínio avançou 7,7% no acumulado do ano, mas recuou 8,33% neste mês. Depois da baixa dos preços no segundo semestre do ano passado, o nível em que esses metais se encontram atualmente é semelhante aos registrados no pós-crise, no terceiro trimestre de 2010.

Em janeiro, o impulso dos metais se deu diante dos sinais de que a economia americana - grande consumidora de commodities - estava se recuperando. Para o cobre, esse cenário se somou às expectativas de que a China estaria programando a reconstrução de seus estoques para o segundo semestre, o que deve fazer com que a oferta do país recue, ao mesmo passo que a demanda avance. "O alumínio, por sua vez, ganhou com anúncios de cortes na produção por parte das empresas e a demanda melhor do que o esperado nos EUA", afirmou o chefe para alumínio da CRU, Marco Georgiou.

Esse momento positivo, no entanto, passou a ser questionado. Há na cabeça dos investidores uma incerteza sobre a capacidade das economias emergentes de apresentarem uma demanda cujo desempenho compense a apatia dos países desenvolvidos. Os dados macroeconômicos chineses que têm revelado uma desaceleração da economia do país tem ficado no centro das atenções. "O declínio do final do primeiro trimestre é resultado de uma antecipação do mercado à possível redução da atividade econômica global no período de abril a junho", afirmou o gerente executivo do Instituto de Metais Não Ferrosos (ICZ), Ricardo Suplicy Goes.

Para 2012, analistas estimam menores flutuações. O BofA Merrill Lynch estima um avanço pequeno para a cotação do alumínio, para US$ 2.275 por tonelada. O cobre deve ter recuo, para US$ 7.750. Já o Brent deve alcançar a média de US$ 118 o barril.

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