sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Temor de piora da crise derruba minério e cobre


Por Emiko Terazono e Jack Farchy | Financial Times, de Londres

O preço do minério de ferro recuou para seu menor patamar no ano, enquanto a cotação do cobre apresentou declínio de mais de 6% na última sessão de ontem, depois de investidores chineses encabeçarem uma onda de vendas nos mercados globais de commodities de uso industrial, em meio aos receios de desaceleração da economia mundial.

A forte queda acontece enquanto a crise da região do euro entra em uma semana crucial. Paralelamente, os investidores estão preocupados com a possibilidade de uma desaceleração complicada da economia chinesa, responsável por mais de 40% da demanda de grande parte dos metais industriais.

Os receios foram amplificados pela desvalorização acentuada dos preços à vista do minério de ferro. O produto referencial australiano - com 62% de conteúdo de ferro - vendido à China, cujo preço vinha mantendo-se relativamente estável em meio à onda de vendas de commodities dos últimos meses, caiu para US$ 145 por tonelada, 20% abaixo do pico verificado no início de setembro, de US$ 183.

Para o analista Duncan Hobbs, da Macquarie, a queda do preço à vista do minério de ferro estava "reforçando as percepções de desaceleração da economia chinesa" e pressionando o sentimento quanto a outros metais de uso industrial, especialmente o cobre.

Nesta semana, a China divulgou crescimento de 9,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, o menor em dois anos. Analistas dizem que as grandes siderúrgicas chinesas vêm registrando declínio nas encomendas e que a produção agregada de aço provavelmente encolherá no curto prazo.

O sentimento negativo em relação à China também pesou sobre outros metais industriais. O contrato de cobre para entrega em três meses na Bolsa de Metais de Londres (LME), referência para os mercados de metais básicos, caiu 6,5%, para US$ 6.710 por tonelada, menor fechamento desde julho de 2010 e pouco acima da menor cotação intradiária em 14 meses, de US$ 6.635, observada no início do mês.

Nos últimos dias, os preços do cobre e do aço na Bolsa de Futuros de Xangai - vistos por muitos como o indicador mais claro sobre o sentimento na China - recuaram ainda mais do que nos mercados mundiais. A barra de reforço, um tipo de barra de aço usada na construção, para entrega em três meses caiu 20% desde o início de setembro. Ontem, chegou próxima ao menor preço em dois anos.

O analista Nicholas Snowdon, especializado em commodities metálicas no Barclays Capital, em Nova York, enfatizou que empresas e investidores chineses - que há poucas semanas eram compradores de metais - agora, estão assumindo posição de principais vendedores.

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