quarta-feira, 19 de outubro de 2011

China desacelera devagar e analistas veem pouso suave


Agencias internacionais

A economia da China desacelerou no terceiro trimestre. A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 9,1% - 0,4 ponto a menos em relação ao período abril-junho. Grande parte dos analistas interpreta esse dado como mais um sinal de que o país terá um "pouso suave", mas alguns, como o economista Nouriel Roubini, acham mais provável um pouso forçado.

O ritmo de crescimento chinês é o menor desde 2009, segundo os dados divulgados. O governo disse que o resultado está em linha com os planos de reduzir a expansão a um nível mais sustentável e de combater a inflação. "Há uma perspectiva muito grande de a economia da China manter um crescimento contínuo e relativamente forte", disse Sheng Laiyun, porta-voz da agência de estatísticas. Segundo ele, a China enfrenta "riscos crescentes" devido à fraqueza em mercados importadores cruciais, como EUA e Europa, mas uma crise econômica é improvável.

Pequim tem promovido repetidos aumentos nas taxas de juros e imposto medidas restritivas ao setor de construção para impedir um crescimento excessivo e a disparada da inflação, que em julho atingiu 6,5%, o mais alto patamar em 37 meses. Em setembro, a alta anualizada foi de 6,1%.

O governo anunciou ainda que a produção industrial em setembro subiu 13,8%, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Esse número é 0,3 ponto maior do que o índice de agosto.

Refletindo a opinião da maioria dos analistas, Liu Li-Gang, do Australia & New Zealand Banking Group, disse que "o risco de pouso forçado é um cenário distante".

No entanto, para Nouriel Roubini, professor da Universidade Nova York que ganhou notoriedade ao prognosticar o estouro da bolha imobiliária nos EUA, trata-se de uma "missão impossível" fazer com que a economia chinesa tenha um pouso suave. Em seminário em Helsinki, na segunda-feira, Roubini disse que a China sofrerá uma forte desaceleração em 2013 ou 2014. Segundo ele, o excesso de investimento "sempre" leva a um pouso forçado da economia.

Roubini afirmou que a Europa não deve contar com muita ajuda por parte do país asiático. Para ele, as manifestações da China a respeito de um auxílio aos europeus são pouco mais do que "papo furado". Conhecido como "Dr. Apocalipse" por suas previsões sombrias, Roubini não é infalível. Em março de 2009, quando o Standard & Poor's 500 caiu abaixo de 680, ele disse que até o fim do ano o índice desceria a menos de 600. Em vez disso, houve uma alta de 65%.

Por seu lado, Jim Chanos, administrador de fundos hedge da Kynikos Associates, afirmou que o "pouso forçado" da China já teve início. Em entrevista ao site MarketWatch, na segunda-feira, Chanos afirmou que "os números estão caindo mais rápido do que pensávamos. As vendas de imóveis em setembro e outubro, que são meses de pico, caíram 40%-60% em relação a um ano atrás".

Dando como exemplos as ações de empresas financeiras e imobiliárias chinesas, que têm queda de 30% em relação ao pico, Chanos lançou a pergunta: "As pessoas estão acreditando na ideia de crescimento perpétuo. Mas elas têm que se perguntar: 'Há crescimento realmente?'"

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