terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Ouro pode ser pressionado por vendas de fundo de hedge



Por Jack Farchy
Financial Times

Quando o fundo de hedge de John Paulson comprou quase 100 toneladas de ouro no início de 2009, o apoio de um dos mais respeitados gestores de fundos de hedge do mundo foi uma bênção para o mercado do ouro. Agora, o enorme investimento de Paulson mais parece uma maldição.

Não é segredo que a Paulson & Co. está em dificuldades. Seu fundo principal, O Advantage Plus, perdeu cerca de metade do seu valor ao longo de 2011.

Isso cria um problema para os investidores em ouro, devido à própria natureza pública do investimento em ouro realizado pelo fundo, grande parte do qual é mantido por meio do SPDR Gold Trust, um fundo negociado em bolsa - uma carteira sobre a qual os fundos precisam reportar trimestralmente.

Sabendo que a Paulson & Co tem mais ouro do que muitos bancos centrais, e que está em dificuldades, apenas uma leve dose de imaginação já é suficiente para surgirem preocupações quanto ao fato de que Paulson poderá ser forçado a vendê-lo. De fato, no terceiro trimestre do ano passado, a Paulson & Co vendeu ações de fundos negociado sem bolsa (ETF, em inglês) equivalentes a cerca de 34 toneladas de ouro - e em setembro o preço do ouro caiu 11%.

Paulson, portanto, tornou-se um símbolo da "fuga para dinheiro", que faz pressões sobre a cotação do metal. Não há dúvida de que os temores de liquidação forçada - e a Paulson & Co está no topo da lista de vítimas em potencial, foi uma causa de incerteza em dezembro - e muitos investidores ainda estão nervosos.

A Paulson & Co não é a única detentora de ouro cujos problemas financeiros estão pesando no mercado. Os bancos centrais da Grécia, Espanha, Portugal e Itália detêm 3,2 mil toneladas de ouro e, apesar de a maioria dos observadores e autoridades do mercado descartarem a possibilidade de vendas imediatas, não há dúvida de que, como a Paulson & Co, são uma causa de preocupação.

Esses infortúnios são relevantes para o mercado do ouro, num momento em que os analistas praticam sua ladainha anual: prever os acontecimentos do ano à frente.

Qualquer observador das previsões que estão sendo publicadas por bancos e corretoras que negociam com ouro poderia pensar que agora é a hora de comprar ouro: apesar da queda recente nos preços, o consenso permanece unanimemente otimista.

A consulta anual da London Bullion Market Association junto a 26 analistas e operadores, por exemplo, mostrou que, com exceção de três profissionais, todos acreditam que o ouro deverá ficar, em média, mais caro do que seu preço atual no mercado à vista, de cerca de US$ 1,615 mil por onça troy ao longo de 2012. A grande maioria espera um pico acima de US $ 2 mil.

No entanto, talvez não seja ainda a hora de pular de volta no mercado de ouro com os dois pés. Apesar do otimismo geral, os analistas esperam, em média, que o ouro venha a cair até US$ 1,443 mil por onça - numa queda de 10,9% em relação aos preços atuais - e a maioria deles acredita que isso acontecerá nos primeiros meses do ano.

Até meados de fevereiro, os investidores não saberão se a Paulson & Co vendeu ouro no quarto trimestre de 2011. Mas isso é quase insignificante. As nuvens que pairam sobre o mercado do ouro somente poderão se dissipar depois que ele e outros grandes detentores de ouro colocarem seus problemas decisivamente para trás.

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