sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Demanda de BCs por ouro quadruplicou no 2º tri


Rhiannon Hoyle | Dow Jones Newswires
19/08/2011

Os bancos centrais estão recompondo suas reservas de ouro, o que quadruplicou o total de suas compras no mercado no último trimestre, na tentativa de reduzir sua dependência em relação às tradicionais moedas de reserva, como o dólar americano.

Mesmo com os preços do ouro em níveis recordes de alta, os bancos centrais dos mercados emergentes reacenderam o interesse do setor oficial pela compra de ouro. Eles estão diversificando suas reservas cambiais, que cresceram com a expansão de seu setor exportador. Mais recentemente, eles também compraram ouro em resposta às persistentes crises da dívida soberana que afetaram moedas de reserva tradicionais, como o dólar e o euro. Os analistas dizem que essa tendência, muito provavelmente, persistirá.

"Prevemos que teremos mais sustentação da demanda proveniente das compras do setor oficial, uma vez que vários países influentes estão ficando pessimistas quanto à situação do dólar americano como moeda de reserva", disseram analistas do banco suíço Credit Suisse.

Os bancos centrais compraram 64,9 toneladas de ouro no segundo trimestre, volume mais do que quatro vezes maior que as 14,1 toneladas computadas no mesmo período do ano passado, disse ontem o Conselho Mundial do Ouro.

No primeiro semestre do ano as compras de ouro pelos bancos centrais totalizaram 192,3 toneladas, mais do que 2,5 vezes o volume de 72,9 toneladas adquirido nos seis primeiros meses de 2010, informou o conselho.

Antes de 2009, no entanto, os bancos centrais foram vendedores líquidos de barras de ouro por cerca de duas décadas. Segundo os analistas, o metal era encarado como um investimento obsoleto e, em vista de seu baixo valor durante a década de 1990 até o início da década de 2000, as autoridades do governo optavam por reduzir suas participações em ouro, em grande medida em favor de papel-moeda.

O crescimento da demanda da parte do setor oficial - que engloba os bancos centrais e outras instituições, como o Banco de Compensações Internacionais (BIS, pelas iniciais em inglês) -,está atraindo outros investidores de volta para o ouro. As compras pelas instituições oficiais torna o metal um ativo mais atraente, uma vez que ele é visto como uma reserva de valor alternativa saudável.

Os preços do ouro subiram para um novo recorde de alta de US$ 1.826,61 a onça no mercado à vista ontem, enquanto as bolsas e outros ativos de risco continuavam a cair diante do agravamento das preocupações em torno da saúde das economias americana e da zona do euro.

O ouro é encarado em amplos círculos como um ativo que proporciona um refúgio seguro em tempos de incerteza da economia.

"Vimos os bancos centrais migrarem para a ponta da demanda do mercado, principalmente num momento em que países com superávits [da balança comercial] da Ásia e da América Latina tiveram que reequilibrar suas posições em metal", disse Marcus Grubb, diretor-executivo de investimentos do Conselho Mundial do Ouro.

A mudança tende a contribuir para instilar confiança no ouro entre os investidores não pertencentes ao setor financeiro, num momento em que procuram um "selo de aprovação" para ativos financeiros alternativos em meio à turbulência dos mercados mundiais, disse Grubb.

A demanda mundial total por ouro recuou 17% no segundo trimestre, para 919,8 toneladas, comparativamente ao mesmo período do ano passado. O Conselho Mundial do Ouro atribuiu a queda à retração da demanda pelo produto negociado em bolsa, que ficou muito aquém de seus notáveis recordes de alta do início de 2010.

Em termos de valor, a demanda por ouro alcançou US$ 44,5 bilhões no segundo trimestre - o segundo nível trimestral mais elevado já registrado. A demanda por ouro da parte do setor de joias também subiu 6% no segundo trimestre, enquanto a demanda do metal para fins tecnológicos cresceu 2% e a procura por barras e moedas subiu 9%.

Prevê-se que os bancos centrais, que foram por tanto tempo fornecedores do mercado, serão uma fonte sustentável de demanda nos próximos anos.

Este ano, o México aumentou suas reservas de ouro em quase 100 toneladas -- elevando seus volumes, até então mínimos, para cerca de 106 toneladas. O Banco do México, que tradicionalmente mantém a maior parte de suas reservas em investimentos denominados em dólar, disse que as compras foram parte da política do banco com relação aos investimentos e à diversificação dos ativos. Desde que vendeu mais de US$ 30 bilhões no mercado de câmbio para respaldar o peso, entre outubro de 2008 e outubro de 2009, durante a crise financeira mundial, o banco central vem acumulando reservas em níveis recorde como proteção contra futuros surtos de turbulência financeira mundiais.

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