quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Dólar fecha em leve alta após discurso de Tombini



Valor 12/12

A leve alta do dólar ontem, em dia recheado de declarações de integrantes do Banco Central e que fechou com o anúncio de novo leilão conjugado de venda e compra da moeda, indica que ao BC está sendo bem sucedido em seus esforços para controlar a volatilidade do câmbio.

Para o mercado, isso reforça também a crença que o patamar de R$ 2,08 seria o novo ponto de equilíbrio para o dólar.

"Nas vezes recentes em que o dólar caiu abaixo de R$ 2,08, o mercado virou. Esse parece ser o ponto de equilíbrio atual do câmbio", disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. "Sempre que o mercado rompe esse nível, ele fica um pouco mais comprador."

Em apresentação na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado ontem, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que o câmbio flutuante no Brasil não pode ser visto como "incentivo para apostas que exacerbam a sua volatilidade". Mais tarde, em evento em São Paulo, o diretor de política econômica da autarquia, Carlos Hamilton Araújo, disse que as recentes intervenções da autarquia no câmbio foram eventuais e tiveram "excelentes resultados". Para ele, o câmbio deverá ser menos volátil do que já foi no passado.

"Eles [o BC] estão bem preocupados em segurar o câmbio, sabendo do risco que uma desvalorização maior do real pode trazer a um quadro já delicado de inflação", disse Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos. "O mercado está procurando um ponto de equilíbrio, um ponto em que a moeda fique por um tempo mais longo. Acho que isso está mais próximo de R$ 2,08 que de R$ 2,05."

No mercado, a eficácia dos esforços do BC se mostram na pouca disposição dos agentes de forçar altas e baixas mais expressivas. Entre mínima e máxima ontem, a variação foi de menos de um centavo e a cotação de fechamento, apenas R$ 0,001 acima daquela do dia anterior.

As declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e do diretor política econômica da instituição, Carlos Hamilton Araújo também levaram a uma revisão nas apostas em novo corte de juros ano que vem. As taxas negociadas na BM&F subiram pela terceira sessão seguida, depois que os integrantes do Copom destacaram o foco na inflação e reafirmaram que a recuperação econômica será mais vigorosa ano que vem.

O contrato com vencimento em janeiro de 2014 foi a 7,09% de 7,05% na véspera após ajustes. O volume de negócios refletiu a rodada de ajustes, uma vez que o giro nesta terça-feira superou em cerca de 30% a movimentação de ontem.

Enquanto Tombini optou por falar que a inflação no curto prazo "inspira atenção", Hamilton disse que "a política monetária continuará sendo conduzida com foco exclusivo na estabilidade de preços".

O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, avalia que os cenários doméstico e externo permitem projetar inflação oscilando na casa de 5,5% até 2014, o que permite a manutenção da taxa básica de juros nos atuais patamares. "[A inflação] não vai abaixo de 5% nem acima de 6%. Em qualquer modelo, um corte de mais de 5 pontos básicos na taxa básica de juros deveria fazer o investimento explodir, e não aconteceu", afirmou.

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