quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

BC diz que riscos para a estabilidade global permanecem elevados


Valor 20/12

 O Comitê de Política Monetária (Copom) voltou a traçar no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quarta-feira pelo Banco Central (BC), um quadro de pessimismo em relação ao cenário internacional.

Embora veja recuperação da atividade em importantes economias emergentes, o colegiado volta a prever baixo crescimento das economias maduras por período prolongado de tempo, abaixo do crescimento potencial dessas economias.

Essa situação se deve muito ao que acontece na zona do euro, região onde incertezas políticas se somam ao ambiente recessivo e ao ceticismo quanto à solidez do sistema bancário de algumas economias da região. O cenário europeu também é consequência, segundo o Copom, do nível elevado da taxa de desemprego por longo período, dos ajustes fiscais implementados e dos seus efeitos sobre a atividade, além do espaço limitado para políticas anticíclicas.

O “ainda frágil cenário internacional” se apresenta como importante fator de contenção da demanda agregada, reafirmou o Copom no documento divulgado hoje, voltando a repetir a análise feita na ata da última reunião do colegiado, na qual não voltou a se referir ao cenário internacional como “desinflacionário”.

O Relatório de Inflação ainda afirma que o cenário central do Copom contempla “dinâmica relativamente benigna” para os preços das commodities nos mercados internacionais.

Especificamente sobre a influência dos preços internacionais do petróleo sobre a inflação brasileira, o colegiado afirma no documento que essas pressões não se materializam exclusivamente por intermédio do preço da gasolina, mas também via cadeia produtiva do setor petroquímico e pelo canal de expectativas de consumidores e de empresários.

Na análise do BC, a complexidade geopolítica que envolve o setor do petróleo tende a acentuar o comportamento volátil dos preços. Essa volatilidade é também reflexo da baixa previsibilidade de alguns componentes da demanda global e do fato de o crescimento da oferta depender de projetos de investimentos de longa maturação e de elevado risco, afirma o relatório.

BC reduz para 1% a projeção para crescimento da economia em 2012

O Banco Central reduziu sua projeção de crescimento da economia brasileira em 2012, segundo informou em seu Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira. O Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá este ano 1% apenas, segundo o relatório trimestral de inflação divulgado na manhã desta quinta-feira. No relatório de setembro passado, a autoridade monetária previa um aumento de 1,6%.

Essa foi a terceira revisão do desempenho projetado pelo BC em relação ao nível atividade econômica doméstica do Brasil em 2012. No fim de 2011, a expectativa era de que, no ano seguinte, a economia crescesse 3,5% em termos reais, projeção mantida no relatório trimestral de março deste ano. Em junho, o BC reduziu a projeção para 2,5% e depois para 1,6%.

A nova revisão vem após a decepção generalizada, do governo e dos agentes econômicos privados, com o PIB efetivamente apurado para o terceiro trimestre de 2012.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o crescimento em relação ao trimestre abril-junho foi de apenas 0,6%, praticamente metade do que se esperava.

A série dessazonalizada do IBC-Br, índice de atividade econômica calculado pelo BC e que serve para antecipar a tendência do PIB, por exemplo, tinha apontado aumento de 1,15% na comparação do terceiro com o segundo trimestre, quase o dobro do que efetivamente apurou o IBGE.

Avanço no futuro

A economia brasileira vai crescer 3,3% no acumulado de quatro trimestres até setembro de 2013, segundo projeção divulgada pelo BC.

O número pressupõe aceleração do nível de atividade em relação ao período de quatro trimestres encerrados em dezembro de 2012, ano em que o PIB crescerá apenas 1%.

O novo relatório não traz previsão de crescimento para o ano fechado de 2013. O BC passará a divulgar sempre projeção para quatro trimestres à frente do último número conhecido do PIB (atualmente o de setembro de 2012), disse o chefe do Departamento Econômico do BC , Tulio Maciel.

A tabela publicada hoje não traz, tampouco, projeção para o ritmo de crescimento do produto até o fim do primeiro semestre de 2013. Mas, no relatório de setembro deste ano, a autoridade monetária previa que, no acumulado de quatro trimestres até junho do próximo ano, a economia brasileira já cresceria 3,3% sobre igual período imediatamente anterior.


BC: inflação no cenário de referência para 2013 cai de 4,9% para 4,8%

O Banco Central (BC) calcula que a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) será de 4,8% em 2013 e de 4,9% em 2014, na hipótese de a taxa básica de juros manter-se em 7,25% ao ano. O IPCA é o indicador oficial de inflação do país e é usado para balizar as metas de inflação perseguidas pela autoridade monetária.

O governo estabeleceu como meta para 2013 e 2014 uma inflação de 4,5% ao ano, tomado como referência o IPCA, com intervalo de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo.

As projeções foram divulgadas na manhã desta quinta-feira, no Relatório Trimestral de Inflação, e referem-se ao cenário de referência, no qual a hipótese para a taxa de câmbio é um dólar também constante em R$ 2,05, nível em que estava em 7 de dezembro. Pelas projeções do BC, a inflação fecharia 2014, último ano do mandato da presidente Dilma Rousseff, acima do centro da meta, estipulado em 4,5% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Além de projeções para o comportamento dos preços, o BC também reduziu sua projeção de crescimento da economia brasileira em 2012.

No relatório anterior, divulgado em setembro, a inflação projetada para 2013 era de 4,9%, mas os parâmetros macroeconômicos eram outros. O cenário de referência desse documento levou em consideração a meta de taxa Selic do momento, tendo como hipótese a taxa de juro básico constante em 7,5% ao ano, 0,25 ponto percentual acima do que foi considerado no novo relatório. O documento de setembro também pressupunha manutenção da taxa de câmbio em R$ 2,05, nível em que estava em 6 de setembro.

Pelas previsões divulgadas hoje, a inflação fecharia este ano em 5,7%, bem acima do teto da meta, mas inferior ao registrado no fim de 2011, de 6,5%, no limite superior do intervalo de tolerância da meta.

Para 2013, o BC projeta uma desaceleração da alta dos preços. Pelo cenário de referência, a projeção para o primeiro trimestre de 2013 continua em 5,7%, cai para 5,5% no segundo e ainda mais, para 4,9% no terceiro. No quarto trimestre, a projeção volta a cair para 4,8%.

Para 2014, a projeção aumenta para 5,1% no primeiro trimestre, patamar que se mantém no segundo trimestre. No terceiro e quarto, as estimativas são 5% e 4,9%, respectivamente.

De acordo com esse cenário, a probabilidade de que a inflação ultrapasse o teto (6,5%) em 2013 é de 12% e, em 2014, “em torno de 19%”.

As projeções do IPCA que constavam no relatório de setembro eram de 5,2% no encerramento deste ano e de 4,9% para o fim de 2013. Em 2014, a projeção era de que a inflação acumulada em 12 meses subiria 0,2 ponto percentual, ficando em 5,2% no primeiro trimestre. Em seguida, cairia para 5,1% no segundo e terceiro trimestres.

Juro mantido

O Banco Central reafirmou que a estabilidade da taxa básica de juros por “período de temposuficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta”.

A frase, no Relatório Trimestral de Inflação, reforça a sinalização de que a autoridade monetária deverá manter a taxa Selic em 7,25% ao ano ao longo de todo o ano de 2013.

Em sua última reunião, no fim de novembro, o Comitê de Política Monetária já tinha interrompido o ciclo de reduções de juros iniciado em agosto de 2011. Até outubro, a Selic caiu 5,25 pontos percentuais.

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