sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Estranhezas



Ronaldo Pignataro

Simplesmente, Dan, um dos leitores deste blog, deixou o seguinte comentário ao post Jackson Hole, Wyoming, 2012! :

Alguém do blog poderia comentar o esquecimento do FED com relação á armadilha de liquidez keynesiana ?

Bom que se explique que na convenção de Wyoming, Ben Bernanke, presidente do FED, o banco central americano, defendia os “quantitative easing” quando dois já haviam sido realizados, o que levou ao convencimento de que ele preparava o terceiro, o que de fato ocorreu em tempo recente, para o desespero de Mantega.

“Quantitative easing” é colocar mais moeda no mercado através da impressão, ou seja, acelerar a fabricação de dinheiro acreditando que este dinheiro irá para a circulação, aumentando o que se chama de “liquidez” do sistema.

Pode acontecer, no entanto, a partir de um ponto definido por uma conjunção de variáveis estudadas por Keynes, que o dinheiro não vá para a circulação, entrando a economia numa espécie de coma, como aconteceu, de fato, com o Japão na década de 90, fenômeno conhecido como “armadilha de liquidez”.

Pode-se dizer que o dinheiro, nesta situação, torna-se mais importante do que pode ser adquirido por seu intermédio. As pessoas deixam de comprar hoje porque amanhã os produtos estarão mais baratos, o crescimento se torna nulo ou negativo e a economia passa a funcionar somente com o essencial, realmente um coma com a manutenção somente dos sinais vitais.

Para acontecer tal coisa com os EUA seria o inimaginável que acontecesse em escala global. Isto porque a moeda norte-americana é a utilizada para o comércio das commodities. Inevitável, portanto, que haja inflação nos preços e não o contrário. A ninguém é dado o luxo de viver sem energia e alimentos!

Como vimos acontecer, a alta nos preços das commodities vem compensada pela valorização cambial, também, como resultado de maior liquidez da moeda estrangeira o que pode trazer junto maior escoamento da produção dos EUA para os emergentes dirimindo os riscos de recessão naquele país a empurrá-lo para a armadilha.

Para os EUA, tudo parece funcionar bem. Estarão sempre na posição vendedora, quer sejam produtos de sua fabricação ou figurinhas estampadas com “In God we trust” .

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