A manobra chinesa para estabelecer cotas de exportação para os compostos de terras-raras está gerando uma corrida pelos estoques e reservas desses elementos minerais no Brasil. Além da Vale, que já confirmou seu interesse, outras empresas, inclusive estrangeiras, estão voltando suas atenções para esse mercado no país.
As restrições da China - responsável por mais de 90% do fornecimento mundial das terras-raras - e o temor global de desabastecimento impulsionaram essa movimentação. A oportunidade é imensa: quem conseguir ser uma alternativa à produção chinesa pode abocanhar parte de um mercado mundial de cerca de US$ 5 bilhões, que abastece setores de alta tecnologia. As terras-raras representam um conjunto de 17 elementos químicos usados para a produção de diversos produtos modernos como ímãs, fibras óticas, notebooks e celulares.
"O Brasil tem potencial para entrar nesse mercado. E nós vemos isso como uma grande oportunidade", afirmou ao Valor o diretor da fabricante de ligas metálicas Resind, Almir Clemente. A empresa tem uma grande ambição: abastecer o mercado interno. Com faturamento um pouco acima de R$ 25 milhões em 2010, a empresa mineira é especializada na recuperação de resíduos metálicos, atuando no reprocessamento do estanho e outros metais. A capacidade da companhia é de 300 toneladas de matérias-primas processadas por mês.
Clemente acredita que pode entrar no novo negócio: há seis meses ele desenvolveu uma tecnologia para produzir uma liga de terras-raras. Com isso, quer abastecer primeiramente a cadeia da indústria automobilística e, em uma segunda etapa, fornecer para os fabricantes de catalisadores, importantes para o processo de refinamento do petróleo.
As restrições da China - responsável por mais de 90% do fornecimento mundial das terras-raras - e o temor global de desabastecimento impulsionaram essa movimentação. A oportunidade é imensa: quem conseguir ser uma alternativa à produção chinesa pode abocanhar parte de um mercado mundial de cerca de US$ 5 bilhões, que abastece setores de alta tecnologia. As terras-raras representam um conjunto de 17 elementos químicos usados para a produção de diversos produtos modernos como ímãs, fibras óticas, notebooks e celulares.
"O Brasil tem potencial para entrar nesse mercado. E nós vemos isso como uma grande oportunidade", afirmou ao Valor o diretor da fabricante de ligas metálicas Resind, Almir Clemente. A empresa tem uma grande ambição: abastecer o mercado interno. Com faturamento um pouco acima de R$ 25 milhões em 2010, a empresa mineira é especializada na recuperação de resíduos metálicos, atuando no reprocessamento do estanho e outros metais. A capacidade da companhia é de 300 toneladas de matérias-primas processadas por mês.
Clemente acredita que pode entrar no novo negócio: há seis meses ele desenvolveu uma tecnologia para produzir uma liga de terras-raras. Com isso, quer abastecer primeiramente a cadeia da indústria automobilística e, em uma segunda etapa, fornecer para os fabricantes de catalisadores, importantes para o processo de refinamento do petróleo.
A tecnologia envolve o processamento da monazita - concentrado mineral onde se encontram terras-raras. Da monazita saem dois produtos: uma liga com as terras-raras e uma escória. Para chegar nisso, a Resind faz um tratamento metalúrgico, em fornos, o que, segundo Clemente, é um processo seguro diante do principal desafio de se produzir terras-raras: manter controlado o material radioativo. Isso porque a monazita abriga também o tório, elemento que deve ser separado e armazenado de modo seguro.
A tecnologia da Resind, informa a empresa, permite que o tório fique encapsulado em uma escória, sem contaminar o ambiente. "Essa rota que inventamos ainda não existe", garante o executivo.
Para usar sua tecnologia e iniciar a produção, no entanto, a Resind precisa da matéria-prima. Para isso, a empresa está há cerca de um mês negociando a compra do estoque da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), companhia estatal produtora de urânio. A INB tem um estoque que totaliza 20 mil toneladas de monazita bruta no Estado do Rio de Janeiro, sendo que 62% do material é terras-raras. Esse estoque veio das operações da própria empresa, que separa os materiais que não são seu foco de negócios.
O plano de Clemente é produzir 200 toneladas por mês da liga com terras-raras, suficiente para suprir o mercado que abastece a indústria de autopeças. Em uma segunda etapa, Clemente pretende investir R$ 5 milhões na compra de um segundo forno, para produzir mais 200 toneladas de liga do mineral, que abasteceriam a cadeia de refinamento de petróleo. As cerca de 10 mil toneladas negociadas pela Resind na INB seriam suficientes para cinco anos de suprimento da demanda desses mercados, diz o executivo. "Depois disso buscaríamos outras formas de acesso à matéria-prima", contou. A demanda brasileira por terras-raras hoje está em torno de mil toneladas/mês.
A tecnologia da Resind, informa a empresa, permite que o tório fique encapsulado em uma escória, sem contaminar o ambiente. "Essa rota que inventamos ainda não existe", garante o executivo.
Para usar sua tecnologia e iniciar a produção, no entanto, a Resind precisa da matéria-prima. Para isso, a empresa está há cerca de um mês negociando a compra do estoque da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), companhia estatal produtora de urânio. A INB tem um estoque que totaliza 20 mil toneladas de monazita bruta no Estado do Rio de Janeiro, sendo que 62% do material é terras-raras. Esse estoque veio das operações da própria empresa, que separa os materiais que não são seu foco de negócios.
O plano de Clemente é produzir 200 toneladas por mês da liga com terras-raras, suficiente para suprir o mercado que abastece a indústria de autopeças. Em uma segunda etapa, Clemente pretende investir R$ 5 milhões na compra de um segundo forno, para produzir mais 200 toneladas de liga do mineral, que abasteceriam a cadeia de refinamento de petróleo. As cerca de 10 mil toneladas negociadas pela Resind na INB seriam suficientes para cinco anos de suprimento da demanda desses mercados, diz o executivo. "Depois disso buscaríamos outras formas de acesso à matéria-prima", contou. A demanda brasileira por terras-raras hoje está em torno de mil toneladas/mês.
Com mercado interno pequeno e com as reservas que o Brasil tem, o país pode se tornar um exportador do produto. Segundo Francisco Lapido Loureiro, pesquisador do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), os recursos identificados e medidos no Brasil são maiores do que as reservas oficiais da China. Só em Catalão (GO) - um dos locais mais estudados no setor - foram identificadas 120 milhões de toneladas de terras-raras. "Há poucos países com a tecnologia de extração e produção. E no Brasil ainda temos de estudar os recursos", afirma Loureiro, enfatizando que para ser considerada uma reserva, a exploração dos recursos deve ter um caminho econômico definido. "Nossas reservas são grandes, mas, no momento, não há uma exploração e produção organizada em escala industrial", completou o coordenador de processos metalúrgicos e ambientais do Cetem, Ronaldo Luiz Santos.
Além de Catalão, há ainda outros locais com recursos identificados, como Araxá (MG) e Pitinga (AM). E as potencialidades econômicas de Pitinga já estão sendo analisadas. Proprietário da mina, o grupo peruano Minsur - por meio da subsidiária brasileira, Mineração Taboca - está no processo final de um estudo que vai mostrar o potencial de terras-raras da reserva. No local, onde a empresa explora estanho e ligas de tântalo e nióbio - há presença expressiva o concentrado mineral xenotima, outra fonte dos elementos de terras-raras. No caso, podem ser explorados elementos pesados, de maior valor agregado.
Com o estudo, a empresa pretende levantar quais são os tipos de terras-raras encontradas, determinar o volume e as possibilidades de extração. A partir de então, a Taboca pode começar a traçar projetos de produção desses metais. "As terras-raras estão no nosso radar. Mas ainda não temos uma definição sobre o setor. Não estabelecemos ainda quais seriam as rotas de produção", afirmou o presidente da Mineração Taboca, João Luiz Serafim. A empresa comprou em 2008 a mina de estanho da Paranapanema.
As reservas brasileiras também têm atraído outras empresas estrangeiras. Segundo o Valor apurou, há grupos japoneses vindo realizar pesquisas no país. Um grande produtor de cristais também enviou um pesquisador e dois representantes para encontrar áreas de prospecção que contenham monazita no país. A companhia está em busca de parceiros para extrair as terras-raras. "Com a centralização da produção na China, o mundo começou a se mexer", observa o coordenador do Cetem.
O problema global do fornecido das terras-raras ficou mais complicado no início deste ano, quando o premier chinês, Wen Jiabao, desenhou um plano que inclui maior fiscalização, elevação dos padrões de produção e a consolidação dos produtores desse mineral. A China estabeleceu ainda cotas de exportação, o que projetou os preços às alturas.
Além de Catalão, há ainda outros locais com recursos identificados, como Araxá (MG) e Pitinga (AM). E as potencialidades econômicas de Pitinga já estão sendo analisadas. Proprietário da mina, o grupo peruano Minsur - por meio da subsidiária brasileira, Mineração Taboca - está no processo final de um estudo que vai mostrar o potencial de terras-raras da reserva. No local, onde a empresa explora estanho e ligas de tântalo e nióbio - há presença expressiva o concentrado mineral xenotima, outra fonte dos elementos de terras-raras. No caso, podem ser explorados elementos pesados, de maior valor agregado.
Com o estudo, a empresa pretende levantar quais são os tipos de terras-raras encontradas, determinar o volume e as possibilidades de extração. A partir de então, a Taboca pode começar a traçar projetos de produção desses metais. "As terras-raras estão no nosso radar. Mas ainda não temos uma definição sobre o setor. Não estabelecemos ainda quais seriam as rotas de produção", afirmou o presidente da Mineração Taboca, João Luiz Serafim. A empresa comprou em 2008 a mina de estanho da Paranapanema.
As reservas brasileiras também têm atraído outras empresas estrangeiras. Segundo o Valor apurou, há grupos japoneses vindo realizar pesquisas no país. Um grande produtor de cristais também enviou um pesquisador e dois representantes para encontrar áreas de prospecção que contenham monazita no país. A companhia está em busca de parceiros para extrair as terras-raras. "Com a centralização da produção na China, o mundo começou a se mexer", observa o coordenador do Cetem.
O problema global do fornecido das terras-raras ficou mais complicado no início deste ano, quando o premier chinês, Wen Jiabao, desenhou um plano que inclui maior fiscalização, elevação dos padrões de produção e a consolidação dos produtores desse mineral. A China estabeleceu ainda cotas de exportação, o que projetou os preços às alturas.
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