Valor 20/07/2011
O Banco Central (BC) já tem em mãos a mais recente pesquisa "Indicador das Condições de Crédito", levantamento trimestral criado no início do ano para tentar medir a expectativa dos bancos para o comportamento tanto da oferta quanto da demanda por novas linhas de financiamento. A primeira pesquisa, relativa ao segundo trimestre, mostrou que as instituições financeiras continuavam com apetite para oferta de empréstimos tanto para o consumo quanto para as pequenas e médias empresas, mesmo depois da série de medidas macroprudenciais adotadas pelo BC desde o fim de 2010.
Os novos dados ainda estão sendo compilados, mas a expectativa de técnicos do BC é que esse novo levantamento já aponte dados mais favoráveis ao processo de desaquecimento da atividade econômica e de controle da inflação. Os dados mais recentes devem servir de referência também para a decisão sobre a taxa Selic, que será tomada hoje pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Até junho, no entanto, a situação permanecia inalterada, apesar do aperto monetário, como mostrou a primeira pesquisa realizada em abril, a partir de consultas aos principais agentes de crédito (cerca de 95% do mercado). A percepção geral era de que mesmo com as restrições impostas pelo BC (alta dos juros e da exigência de capital) o crédito às pessoas físicas permaneceria nos níveis atuais ao longo de todo o primeiro semestre.
Em outras palavras, os bancos permaneceram com grande apetite ao longo do primeiro semestre, com manutenção do ritmo de aprovação de novas linhas. As instituições também esperavam que a procura por empréstimos pelas famílias permanecesse inalterada, mesmo com o aumento dos juros.
No caso das pequenas e médias empresas, a expectativa dos bancos era por um aumento na aprovação das linhas e uma demanda "moderadamente forte", o que indica que as instituições financeiras não esperavam um desaquecimento da atividade. Apenas o segmento de empréstimos às grandes empresas apresentava uma expectativa de crescimento mais fraco para o período de abril a junho.
Parte da manutenção da oferta e da demanda em níveis elevados, apesar do cenário mais restritivo, pode ser explicada pela renda ainda em elevação. De acordo com o estudo, o fator mais importante para a oferta de crédito para as famílias por parte dos bancos é o nível de emprego e as condições salariais, seguido pelo nível de comprometimento de renda. A inadimplência vem em terceiro lugar. No crédito imobiliário, o preço dos imóveis ganha relevância.
No caso das micro e pequenas empresas, o mais relevante na visão dos bancos é a condição dos clientes, seguido pelo nível de inadimplência do sistema. Para as grandes companhias, o mais importante é a condição da economia doméstica e do setor. A percepção de risco do cliente é apenas o terceiro fator mais importante.
A pesquisa é composta por seis grupos de perguntas, três relacionados à oferta de crédito, dois à demanda e um à aprovação de novas linhas de crédito. O BC estuda a divulgação periódica desses dados, que foram apresentados pela primeira vez no último relatório de inflação, publicado em junho.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
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