terça-feira, 9 de outubro de 2012

Para FMI, desaceleração do crescimento torna apropriado ajuste gradual


Por Dow Jones Newswires

TÓQUIO - A desaceleração do crescimento econômico torna mais apropriado que a consolidação fiscal ocorra em ritmo gradual, mas os países precisam dar sinais de progresso consistente no médio prazo ou se arriscarão ao mesmo destino da Grécia, disse nesta terça-feira, em Tóquio, o diretor do departamento de Assuntos Fiscais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Carlo Cottarelli.

“O ajuste fiscal precisa ser gradual, se você puder bancar isso”, disse Cottarelli. “Se você não tem como tomar emprestado do mercado, então o ajuste precisa ser muito mais rápido”, acrescentou.

A Grécia aderiu a uma linha de socorro oficial e está sendo levada a implementar um dramático ajuste recessivo, de forma a restaurar a sustentabilidade das finanças públicas do país. Apesar desses esforços e da reestruturação da dívida pública em poder de credores privados, a dívida pública da Grécia deve se elevar a 171% do PIB neste ano e a 182% do PIB em 2013, de acordo com novas projeções do FMI divulgadas por Cottarelli nesta terça.

“Precisamos considerar o que teria acontecido à Grécia caso não houvesse ajuste fiscal. A crise teria sido mais profunda”, avalia Cottarelli.

De acordo com os novos números do FMI, os maiores desafios fiscais aguardam os Estados Unidos e o Japão, pela combinação de uma política monetária muito afrouxada e de um ajuste fiscal gradual. Para Cottarelli, os Estados Unidos devem evitar o “abismo fiscal” desencadeado pela expiração, em 31 de dezembro, de cortes temporários de impostos aprovados pelo então presidente George W. Bush.
Cottarelli disse também que alguns críticos, como o economista Paul Krugman, expressam um ponto de vista “válido” quando argumentam que os Estados Unidos e outros governos deveriam aproveitar o momento atual, em que os custos de empréstimo estão em seus menores níveis históricos, para investir e gastar mais. Mas o FMI considera que Krugman não considera a possibilidade de que os mercados percam a confiança repentinamente, o que teria “consequências muito graves” para as finanças públicas e para a economia real, disse Cottarelli. “É preciso levar em conta que isso pode acontecer”, afirmou.

O diretor adjunto do departamento de Assuntos Fiscais do FMI, Philip Gerson, elogiou o Brasil, ao mencionar que o país optou por um ajuste fiscal mais rígido antes de pavimentar o caminho para a redução das taxas de juros.

Cottarelli negou, por sua vez, a ideia de que a elevação dos níveis de inflação possa ajudar a erodir o peso do endividamento público, dizendo que apenas um choque inflacionário de 30% ao ano teria esse efeito. O FMI também avalia que os países em boa situação fiscal, como a Alemanha, têm espaço para dar suporte à atividade econômica, caso o ritmo atual se deteriore.

A consolidação fiscal naturalmente reduz o crescimento econômico, mas, ao menos na zona do euro, o aperto deve ser suavizado em 2013, avalia Cottarelli. “O crescimento não permanecerá baixo para sempre”, disse.



(Dow Jones Newswires)

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