sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Reserva argentina de xisto pode valer até meio pré-sal



Por Agências internacionais

A Repsol YPF elevou sua estimativa do tamanho das reservas de petróleo e gás de xisto em Vaca Muerta, no sudoeste da Argentina. Segundo a empresa, provavelmente há ali o equivalente a 23 bilhões de barris, o que corresponderia a quase metade do pré-sal brasileiro (estimado em cerca de 50 bilhões de barris). Se confirmada, a reserva permitiria ao país rivalizar com os Estados Unidos na produção de gás e petróleo não convencional. Não está claro, porém, quando dessa reserva pode ser retirado.

Em novembro, a Repsol havia estimado a existência do equivalente a 927 milhões de barris. A empresa, porém, alertou que a exploração das reservas exigirá uma enorme expansão da indústria petrolífera da Argentina. Serão precisos milhares de poços, centenas de sondas de perfuração e um esforço nacional para atrair profissionais, equipamentos e investimentos para dar conta da produção.

A Repsol hoje é a líder na exploração na Província de Neuquén, com investimentos aproximados de US$ 300 milhões. Segundo a Repsol, para a região atingir o seu potencial, as demais empresas que atuam ali teriam que fazer investimentos substanciais.

"Se a exploração for bem-sucedida em toda a formação de Vaca Muerta e houver o imediato desenvolvimento intensivo na área, a atual capacidade de produção de petróleo e gás da Argentina poderá dobrar em dez anos", disse a Repsol em comunicado. "Seria necessário fazer um vasto esforço de investimento, que chegaria a US$ 25 bilhões por ano."

Até agora, apenas uma pequena fração das reservas de Vaca Muerta foi desenvolvida. "A [Repsol] pretende perfurar 20 poços em 2012, sozinha e em conjunto com vários parceiros, para prosseguir a investigação dos potenciais recursos", afirmou a empresa na nota.

A declaração da Repsol ainda sugeriu que os investidores internacionais estão preferindo aguardar até ter confiança de que a Argentina, que enfrenta dificuldades energéticas, oferecerá garantias e que reivindicações trabalhistas não ameaçarão eventuais lucros. Nos últimos meses, o governo vem eliminando subsídios a combustíveis, enfrentou greves no setor petrolífero e está dificultando as remessas das empresas ao exterior.

Desde 1998, a produção de petróleo argentina caiu quase 32%. Já a de gás natural recuou em torno de 13% desde 2004, de acordo com dados da Secretaria de Energia do país. Para atender à demanda, a Argentina passou a importar gás liquefeito do Oriente Médio, o qual é transportado por navios. A importação de combustíveis pelo país dobrou em 2011, atingindo o nível recorde de US$ 9,4 bilhões.

Governo pressiona empresas para aumentar a produção


 O anúncio da Repsol YPF, uma empresa de capital majoritariamente espanhol, foi feito em Madri pelo seu presidente, Antonio Brufau, após voltar de uma série de encontros a portas fechadas na Argentina com autoridades que vêm pressionando as companhias do setor para aumentar a exploração no país.

O jornal "Página/12", que apoia o governo, disse que a Repsol YPF vem desembolsando mais com o pagamento de dividendos do que está lucrando, e sugeriu que a presidente Cristina Kirchner talvez venha a considerar a estatização das operações da empresa na Argentina, para que o dinheiro possa ser usado para aumentar a capacidade energética do país. Apesar dos rumores, até agora, essa ideia não foi abertamente endossada por Cristina ou seus ministros.

A pressão não vem só do governo central. Ontem, governadores das dez principais Províncias produtoras de petróleo disseram que vão exigir das empresas o aumento da produção. O envolvimento dos governadores é importante porque a Constituição argentina lhes dá controle sobre as concessões para a exploração de petróleo e gás em suas Províncias.

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