segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
BC sinaliza mais intervenções no câmbio
Valor 10/12
O mercado começa a segunda-feira à espera de novas intervenções do Banco Central no câmbio. Isso porque a autoridade monetária contactou os bancos "dealer" para realizar pesquisa de demanda por contratos de swap cambial tradicional (que têm o efeito de uma venda de dólar futuro) e contratos de linha de dólares (no qual o BC vende moeda com compromisso de recompra no futuro) no fim do pregão da sexta-feira.
A sinalização ocorreu nos minutos finais da sessão, quando a moeda acelerou a leve alta que marcava para fechar com ganho de 0,58%, a R$ 2,091. A valorização pôs fim à maior sequência de baixas da moeda americana desde o início de agosto, mas não foi suficiente para reverter a desvalorização acumulada na semana, de 1,88%, determinada pelas medidas do governo.
Parte da alta veio de investidores buscando recuperar as perdas da semana, além de outros que tentaram assumir posições mais defensivas antes do fim de semana. "Na sexta-feira o pessoal não gosta de se expor muito, e volta a comprar", disse Reginaldo Siaca, superintendente de câmbio da Advanced Corretora.
Após todas as intervenções da semana passada, a dúvida que paira sobre o mercado é relativa a qual o nível que o governo considera ideal para o dólar. "Que [o câmbio] é administrado, já está dado. A questão é em que nível. Agora, talvez R$ 2,07, R$ 2,08, seja um ponto desejado, mas no ano que vem pode ser mais para os R$ 2,10", disse um operador.
As taxas de juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) também passaram por ajustes na sexta-feira. Depois de cair entre os pregões de segunda a quinta-feira, em movimento intensificado pela ata do Copom, os contratos recompuseram na última sessão parte do forte recuo que sofreram até a véspera, quando a movimentação foi recorde.
Parte da correção se deveu ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal referência do Banco Central para conduzir a política de juros, que avançou 0,60% em novembro, acima do teto das estimativas colhidas pelo Valor Data, de 0,52%.
O estrategista para América Latina do BofA Merrill Lynch, David Beker, disse que apesar de incertezas sobre o horizonte inflacionário, não se pode descartar um novo corte dos juros. "Se eventualmente os próximos movimentos de atividade continuarem surpreendendo ou a recuperação não se acentuar, então pode haver um corte. Mas, com as informações que se tem hoje, o mercado parece ter exagerado", diz.
Há gordura no câmbio’, aponta diretor do Banco Central
da Agência Estado
RIO - Há gordura no câmbio, porque o dólar está cotado acima do modelo do Banco Central, de acordo com o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes. Embora tenha negado que o governo trabalhe com uma meta cambial, ele declarou que a autoridade monetária e o mercado como um todo trabalham com modelos de referência para a moeda. "Dólar sempre gera um debate muito grande. São muitas as variáveis para explicar o câmbio."
Para garantir liquidez, o BC estaria disposto a atuar por meio do mercado à vista e de derivativos, informou Mendes. "O BC está pronto para garantir a liquidez necessária. Iremos oferecer a moeda que a economia demandar."
Sobre o valor do real diante do dólar, Mendes refutou a ideia de que o BC trabalha para manter as cotações dentro de uma determinada faixa de flutuação, chamada pelo mercado de banda cambial. "A taxa flutua."
Segundo ele, a estratégia é oferecer liquidez para o fim do ano, época em que faltam dólares, por motivos "sazonais", nas palavras do diretor do BC. "Fim de ano é sempre período de baixa liquidez e o BC está preparado para oferecer liquidez. Não faltará dólar", completou.
Na avaliação dele, as reservas internacionais dão segurança para atuar no mercado à vista enquanto uma posição "leve" no mercado de derivativos facilita.
Metas de inflação
O regime de metas de inflação não mudou, "em absoluto". "O regime de metas continua. A ata (da reunião do Comitê de Política Monetária) continua válida. Todo o trabalho de perseguir o centro da meta continua como antes", afirmou Mendes nesta segunda-feira no seminário Reavaliação do Risco Brasil, promovido pelo Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.
Segundo Mendes, o nível atual da taxa básica de juros, a Selic, é adequado para a convergência da inflação ao centro da meta. O diretor do BC voltou a repetir a ideia de que essa convergência, no entanto, pode se dar de forma "não linear".
Após participar do seminário, afirmou ainda a jornalistas que o governo atua para melhorar as condições de financiamento das empresas. Ele não quis, entretanto, antecipar qualquer nova medida nesse sentido.
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