terça-feira, 21 de maio de 2013

Cresce temor na Ásia de uma ampla desaceleração


 

Por Jeremy Grant | Financial Times, de Cingapura




A economia tailandesa cresceu mais lentamente do que o esperado nos primeiros três meses deste ano, somando-se a uma enorme série recente de dados decepcionantes sobre as economias asiáticas. Eles projetaram uma sombra sobre as perspectivas para uma das regiões que mais crescem no mundo.
A economia tailandesa cresceu 5,3% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, mas teve contração de 2,2%, em percentual ajustado pela sazonalidade, em relação ao trimestre anterior.
O crescimento menor foi o resultado de fraca demanda da China, dos Estados Unidos e da zona do euro, bem como de um baht (a moeda tailandesa) valorizado, que apenas recentemente caiu em relação a uma cotação recorde em 16 anos, o que vem prejudicando as exportações.
Essa desaceleração está ocorrendo após um surto de expansão em 2012, quando a economia do país recuperou-se das enchentes devastadoras de 2011.
Os dados tailandeses foram divulgados num momento em que as exportações de muitas economias asiáticas estão desacelerando. O crescimento da China caiu para uma taxa anual de 7,7% no primeiro trimestre deste ano. Coreia do Sul, Indonésia, Taiwan, Malásia e Cingapura também reportaram, todos, um crescimento econômico mais lento nas últimas semanas.
"O quadro geral [desenhado pelos dados econômicos] é que a Ásia está esfriando, e essa tendência está sendo puxada pelo setor exportador", afirmou Daniel Martin, economista para Ásia na consultoria Capital Economics, em Cingapura.
O Japão, onde um novo governo e um novo presidente do banco central têm feito o máximo para estimular o crescimento, está dando alguma esperança à região (leia texto abaixo). Na semana passada, o governo disse que sua economia japonesa cresceu a uma taxa anual de 3,5% nos primeiros três meses deste ano. O primeiro-ministro, Shinzo Abe, também estabeleceu uma série de novas metas para tentar garantir o retorno do crescimento no longo prazo na segunda maior economia da Ásia.
Entretanto, para algumas economias do Sudeste Asiático, a política econômica de Abe no Japão representa uma faca de dois gumes, tendo em vista a enorme flexibilização monetária promovida pelo Banco do Japão (o BC japonês) como parte de sua guerra contra a deflação.
São grandes as preocupações de que o excesso de ienes contagie os mercados emergentes na Ásia, ameaçando criar bolhas de ativos. Os japoneses foram compradores líquidos de títulos estrangeiros nas três semanas até 11 de maio, segundo os dados disponíveis mais recentes.
Apesar dos sinais de desaceleração em vários países, muitos economistas continuam otimistas quanto às perspectivas de crescimento na Ásia.
"Os dados recentes têm se revelado de modo geral mais fracos do que esperava a maioria dos analistas, mas em minha opinião isso se deve ao fato de que as expectativas estavam exageradamente altas", disse Mark Williams, da Capital Economics.
"Para a Tailândia e a Malásia, por exemplo, foram fatores de curta duração que provocaram as altas taxas de crescimento recentes. Como esses fatores desapareceram, o crescimento abrandou. Mas a Tailândia e a Malásia ainda deverão crescer 4% ou 5% neste ano, o que não seria um resultado ruim, em relação ao pano de fundo de uma desaquecida economia mundial", afirmou Williams.
Na semana passada, a Malásia relatou seu mais lento ritmo de expansão desde o terceiro trimestre de 2009 e o crescimento da Indonésia no primeiro trimestre caiu para 6%, ano sobre ano.



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário